ATA DA QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 02-6-2003.

 

 


Aos dois dias do mês de junho de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Cláudio Sebenelo, Dr. Goulart, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Maria Celeste, Raul Carrion e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Darci Campani, Elias Vidal, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Trigésima Quinta Sessão Ordinária, que deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Haroldo de Souza, as Indicações nºs 018 e 019/03 (Processos nºs 2600 e 2601/03, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 119/03 (Processo nº 2558/03); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Informações nº 102/03 (Processo nº 2755/03); pelo Vereador João Carlos Nedel, 18 Pedidos de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo nº 130/03 (Processo nº 2716/03); pelo Vereador Luiz Braz, os Pedidos de Informações nºs 097,098 e 099/03 (Processos nºs 2665, 2666 e 2667/03, respectivamente); pela Vereadora Maria Celeste, o Projeto de Lei do Legislativo nº 113/03 (Processo nº 2452/03); pelo Vereador Nereu D'Avila, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 310/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 001/03, da Vereadora Anelise Sulzbach, Presidenta da Câmara Municipal de Westfália – RS; 001/03, do Vereador Noé Angelo de Mello de Angelo, Presidente da Câmara Municipal de Arvorezinha – RS; 003/03, do Vereador Leandro Luiz Dickel, Presidente da Câmara Municipal de Pontão – RS; 023/03, do Vereador Paulo César Wibelinge, Presidente da Câmara Municipal de Boa Vista do Incra – RS. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Marcelino Pogozelski, Presidente do Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito e Transporte do Município de Porto Alegre - SINTRAN, que discorreu acerca das condições de trabalho dos agentes de trânsito da Empresa Pública de Transporte e Circulação – EPTC, alegando a indisponibilidade de equipamentos de proteção individual e contestando a legalidade do rol de atribuições desempenhadas por essa categoria. Ainda, afirmou ter sido a EPTC notificada quarenta e três vezes pela Delegacia Regional do Trabalho – DRT – e questionou a funcionalidade de algumas obras viárias em execução na Capital. A seguir, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Cláudio Sebenelo, Ervino Besson, Clênia Maranhão, Haroldo de Souza, Elói Guimarães, Carlos Pestana, Raul Carrion e João Carlos Nedel manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Na ocasião, o Senhor Presidente comunicou que o Vereador Luiz Braz estará representando externamente este Legislativo em Sessão Solene a ser realizada hoje, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, ocasião em que será prestada homenagem ao Ministro Teori Albino Zavascki pela assunção de Sua Excelência ao cargo de Ministro do Superior Tribunal de Justiça – STJ. Às quatorze horas e trinta e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e quatro minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, o Vereador Beto Moesch registrou a abertura, hoje, das comemorações da Semana Mundial do Meio Ambiente na Câmara Municipal de Porto Alegre, convidando os Senhores Vereadores para a inauguração de exposição alusiva ao evento, a ocorrer na Avenida Cultural Clébio Sória, tendo o Senhor Presidente informado que suspenderia a presente Sessão para que os Senhores Vereadores pudessem comparecer ao evento. Também, face manifestação do Vereador Ervino Besson, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a possibilidade de convite ao representante do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS – para comparecer a reunião da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, a fim de tratar de problemas de segurança verificados em área de propriedade do referido Instituto, situada nas imediações do Instituto Santa Luzia, nesta Capital. Às quatorze horas e trinta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e três minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Cláudio Sebenelo analisou declarações prestadas à imprensa pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, acerca das políticas administrativas implementadas à frente do Governo Federal. Nesse sentido, teceu considerações sobre a forma como o Senhor Presidente da República vem apresentando seus projetos governamentais à população brasileira, especialmente no que tange ao Programa Fome Zero, à política de juros praticada em relação ao mercado financeiro e quanto ao combate ao desemprego. O Vereador Carlos Alberto Garcia relatou reunião realizada hoje neste Legislativo, a fim de debater e buscar soluções para coibir atos de prostituição infanto-juvenil verificados na zona sul da Cidade, manifestando-se sobre as principais conclusões obtidas durante a referida reunião, destacando a importância de que o problema seja resolvido com a maior brevidade possível e propugnando pela adoção de medidas públicas, especialmente no que tange à Polícia Civil e à Brigada Militar, no sentido de coibir tais práticas. A Vereadora Margarete Moraes pronunciou-se acerca de declarações prestadas à imprensa pelo cineasta Cacá Diegues e pelo produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto, através das quais Suas Senhorias afirmam a existência de práticas de dirigismo cultural por parte do Ministério da Cultura. Nesse sentido, contestou as referidas declarações, defendendo as políticas praticadas pelo citado Ministério e informando que as mesmas visam a estabelecer, através da produção cultural apoiada pelo Governo Federal, uma contrapartida de cunho social. A Vereadora Maria Celeste discorreu sobre as atividades desenvolvidas pelo Programa de Orçamento Participativo durante os meses de abril e maio do corrente, historiando a criação e evolução desse Programa, destacando a importância da participação popular para a elaboração da lei orçamentária municipal e afirmando que tal sistemática estabelece uma inversão na lógica historicamente verificada no gerenciamento dos recursos públicos, evitando a ocorrência de concentração de poder, desperdício de verbas, clientelismo político e corrupção. A Vereadora Maristela Maffei apoiou o pronunciamento efetuado pela Vereadora Maria Celeste em Comunicações, no que tange à atuação, em Porto Alegre, do Programa de Orçamento Participativo. Também, dissertou sobre as disposições constantes no Projeto de Lei apresentado pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, ao Congresso Nacional, a fim de implementar alterações no sistema público de previdência social brasileiro, externando seu apoio às alterações propostas por Sua Excelência. A seguir, face Questões de Ordem e manifestações formuladas pelo Vereador Sebastião Melo, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do teor e da tramitação do Projeto de Lei do Executivo n° 078/02 (Processo n° 3653/02), que autoriza a permuta entre um imóvel próprio municipal e quatro imóveis de propriedade de Maiojama Participações Limitada. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Pedro Américo Leal manifestou suas expectativas quanto ao governo do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, sugerindo a implementação de um programa específico de combate ao desemprego, nos mesmos moldes da iniciativa intitulada “Programa Fome Zero”. Ainda, reportou-se à desapropriação de terras promovida pelo Governo Federal no Município de São Gabriel – RS, com a finalidade de promover o assentamento de famílias de produtores rurais. Após, constatada a existência de quórum, foi aprovado o Requerimento n° 109/03 (Processo n° 2689/03 – Autorização para representar externamente este Legislativo no “2° Ciclo de Palestras - Viver no Campo", realizado no dia vinte e oito de maio do corrente, no Município de Julho de Castilhos – RS, com percepção de uma diária), de autoria do Vereador Beto Moesch. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Dr. Goulart citou artigo de autoria do jornalista Paulo Sant’Ana, publicado na edição do jornal Zero Hora do dia vinte e sete de maio do corrente, relativo ao funcionamento da Central de Marcação de Consultas Médicas em Porto Alegre, no qual o articulista propugna pelo encerramento das suas atividades. Nesse sentido, criticou a atuação do Senhor Joaquim Kliemann, Secretário Municipal de Saúde, no que tange à administração do sistema de saúde de Porto Alegre. O Vereador Raul Carrion registrou o transcurso, no dia primeiro de junho do corrente, do Dia da Imprensa, discorrendo sobre as iniciativas legislativas que instituíram esse dia para as comemorações alusivas à existência da imprensa no País. Também, manifestou-se sobre a passagem dos primeiros cento e cinqüenta dias de exercício, pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, do cargo de Presidente da República, salientando as principais medidas adotadas por Sua Excelência no sentido de alterar os rumos políticos do País. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion deu continuidade ao pronunciamento efetuado por Sua Excelência em Comunicações, comentando dados alusivos às políticas implementadas pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva à frente do Governo Federal, especialmente no que concerne às relações estabelecidas entre a União e outros Países, à manutenção de empresas estatais, à retirada de tramitação de Projeto de Lei que viabilizava o uso da Base de Alcântara pelos Estados Unidos da América e à implementação de novas políticas econômicas. A seguir, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Sebastião Melo, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando juntada de documentos aos autos do Projeto de Lei do Executivo n° 067/03 (Processo n° 3653/02). Também, o Senhor Presidente convidou os Senhores Vereadores para participarem de solenidade alusiva ao transcurso do trigésimo nono aniversário de falecimento do ex-Prefeito Municipal de Porto Alegre, Senhor José Loureiro da Silva, a ser realizada amanhã, às dez horas, junto ao monumento erigido em homenagem ao ex-Prefeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson reportou-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Dr. Goulart em Comunicações, quanto aos problemas verificados no sistema mantido pelo Executivo Municipal para a marcação de consultas médicas pelo Sistema Único de Saúde – SUS. Também, relatou episódio de latrocínio testemunhado por Sua Excelência, criticando o atraso no atendimento de ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência – SAMU – verificado na ocasião. O Vereador Haroldo de Souza esclareceu fatos relativos à Licença para Tratar de Interesses Particulares solicitada por Sua Excelência, válida para os dias vinte e oito e vinte e nove de maio do corrente. Ainda, manifestou-se sobre as repercussões, junto ao povo colombiano, de notícias publicadas na imprensa nacional e internacional, as quais afirmam que o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, teria externado apoio às causas defendidas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador João Antonio Dib transmitiu convite apresentado pelo Senhor Carlos Eduardo Campos Vieira, Secretário do Planejamento Municipal, para que os Senhores Vereadores participem da 1ª Conferência Municipal do Plano Diretor, a ser realizada no dia seis de setembro do corrente, informando dados relativos aos eventos preparatórios à referida Conferência e destacando a relevância do evento para a análise de alterações a serem promovidas no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental – PDDUA. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães traçou um paralelo entre as políticas econômicas implementadas pelo Senhor Fernando Henrique Cardoso, no período em que exerceu a Presidência da República, e o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, atual chefe do Poder Executivo Federal, reportando-se às manifestações do Fundo Monetário Internacional – FMI – quanto à política econômica atualmente em vigor e quanto às propostas de alteração no sistema de previdência social propostos por Suas Excelências. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Substitutivo n° 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 004/03, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 060/03, discutido pelos Vereadores Raul Carrion e Zé Valdir, 077/03, discutido pelos Vereadores Raul Carrion e Maria Celeste, e 108/03, discutido pelos Vereadores Raul Carrion e João Carlos Nedel, o Projeto de Resolução n° 049/03; em 3ª Sessão, o Substitutivo n° 01 ao Projeto de Lei do Legislativo n° 057/03, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 106/03, discutido pela Vereadora Maria Celeste, e 109/03, discutido pela Vereadora Margarete Moraes, os Projetos de Resolução n°s 047/03, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel, e 048/03, discutido pela Vereadora Margarete Moraes. Na ocasião, o Vereador Juarez Pinheiro manifestou-se sobre o teor do Projeto de Resolução nº 047/03 e o Vereador Sebastião Melo formulou Requerimento verbal, solicitando informações acerca da tramitação de pedido formulado por Sua Excelência, de informações sobre cedência de funcionário do Executivo Municipal para este Legislativo, ao que o Senhor Presidente comunicou que seriam tomadas as providências cabíveis à questão. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Wilton Araújo, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na ocasião, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca ao teor dos Projetos de Lei do Legislativo nºs 134/01 e 153/02. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n° 134/01. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 153/02, que foi discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo, Pedro Américo Leal, Clênia Maranhão, Renato Guimarães, Cassiá Carpes, Zé Valdir, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, Darci Campani, Raul Carrion, Juarez Pinheiro e Sebastião Melo. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 153/02, os Vereadores Marcelo Danéris, Sebastião Melo, Margarete Moraes e Isaac Ainhorn cederam seus tempos de discussão, respectivamente aos Vereadores Clênia Maranhão, Isaac Ainhorn, Raul Carrion e Sebastião Melo. Na ocasião, foi apregoada a Emenda nº 02, de autoria do Vereador Sebastião Melo, Líder da Bancada do PMDB, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 153/02 (Processo nº 2585/02). Também, foi aprovado o Requerimento nº 114/03 (Processo nº 2797/03 - Requer autorização para representar externamente este Legislativo em Seminário sobre o tema “Reforma Tributária e Previdência Sob a Ótica da Mulher”, a ser realizado do dia três ao dia seis de junho do corrente, em Brasília - DF, com percepção de diárias e passagens aéreas), de autoria da Vereadora Maristela Maffei. Em Votação, esteve Requerimento de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando o adiamento, por cinco Sessões, da discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 153/02 (Processo nº 2585/02), o qual foi encaminhado à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Marcelo Danéris, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Luiz Braz. Na oportunidade, o Vereador João Bosco Vaz manifestou-se acerca dos trabalhos da presente Sessão e o Vereador Juarez Pinheiro formulou Questão de Ordem acerca do horário de término da presente Sessão. Às dezenove horas e três minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib, Elói Guimarães e Maria Celeste e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Marcelino Pogozelski, representando o Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito e Transporte do Município de Porto Alegre - SINTRAN, está com a palavra para tratar de assunto relativo à segurança do trabalho na fiscalização do trânsito do Município de Porto Alegre, pelo tempo de regimental de dez minutos.

 

O SR. MARCELINO POGOZELSKI: Boa-tarde a todos, boa-tarde à Mesa, ao Presidente e aos Srs. Vereadores. Novamente, vimos a esta Casa para salientar aos Srs. Vereadores a nossa insegurança no trânsito. Como todos sabem, as agressões continuam, e a Empresa continua descumprindo as normas de segurança da própria Delegacia Regional do Trabalho. A Empresa já foi notificada quarenta e três vezes e ainda continua realizando blitz sem os equipamentos de segurança. Não há o treinamento necessário e as agressões continuam, porque os fiscais estão sem os equipamentos, sem a abordagem, sem as técnicas específicas.

Quanto aos cursos específicos sobre o Código Penal, o Código Civil, a legislação e os conhecimento teóricos, se pergunta: quando é que foram feitos na EPTC esses demais cursos?

A EPTC tem cinco anos de existência. Se o agente não cumpre a determinação, ele é ameaçado com punição. Essas atribuições, do art. 24... E foi votada nesta Casa a Lei n.º 8.133 para questões do Município. Referente a isso, várias vezes viemos a esta Casa perguntar a V. Ex.ªs quais são as atribuições dos fiscais de trânsito de Porto Alegre. Foi votado pelo art. 24 do Código de Trânsito Brasileiro. Sabendo-se que não abrange toda a função dos agentes, a Empresa fez um convênio com o Estado, com o DETRAN, em que foram atribuídas funções da Brigada Militar aos agentes de trânsito. O convênio foi renovado, mas existe a Lei n.º 8.066, da Presidência da República, da Casa Civil, que diz que essa Lei tem de ser apreciada na Câmara de Vereadores e na Assembléia Legislativa. Mas como o Estado pode dar poderes de polícia, através do Município, para uma empresa de transporte e circulação, de economia mista e sociedade anônima, se nesta Casa foi votada a Lei somente para as questões municipais?

Em cinco anos, uma empresa pública conseguiu arrecadar cento e um milhões de reais, fora o que está pendente. E ainda continuam no negativo, estão no “vermelho”, e tratam uma empresa como responsabilidade fiscal (sic).

Esse convênio, se não foi apreciado por esta Casa nem pela Assembléia Legislativa, já começa a se comprometer, pois o art. 22 é totalmente da Brigada Militar. Os agentes se expõem a riscos, a delitos de trânsito. Perguntamos se esta Casa apreciou esse convênio, se verificou a Lei em que foi montada uma empresa pública? Só tem dois pontos: ou para legislar sobre o Município – que é parada, estacionamento e circulação –, e  não tem outra atribuição para a fiscalização (sic).

Simplesmente descumprem as normas da Delegacia Regional do Trabalho. Eles foram notificados quarenta e três vezes pela Delegacia, e continuam descumprindo a Lei. O grau de risco da EPTC é como se fosse o de uma empresa particular, de escritório, é grau um. Não tem Engenheiro de Segurança do Trabalho. Mas claro, como vai ter Engenheiro se não cumprem nem a determinação da Delegacia Regional do Trabalho? Dois processos foram feitos, a Empresa foi autuada e, mesmo assim, descumpre. Vem com política de educação de trânsito, fiscalização, orientação, e eu não vejo nada. Pergunto: qual o projeto de segurança dos agentes de trânsito? O Ministério Público, através desta Casa, abriu um inquérito para determinar essa função.

Outra pergunta, sobre as carroças: como é que nós vamos autuar na fiscalização das carroças? Só se nós fizermos um curso de “agente boiadeiro”; vai ganhar um laço, uma boleadeira e vai pegar as carroças. Como se vai atacar uma carroça em via pública? Isso é questão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. E o Ministério Público diz que é da atuação da EPTC. Como é que o agente está na rua? É um malho, um apito, um rádio. Tem que se defender com o que, se a própria DRT deu orientação para fazer os cursos específicos e a Empresa não cumpre isso? Então, teria que continuar sendo agredido. As atribuições não são nossas. E eu vejo que a Prefeitura Municipal, a Procuradoria-Geral do Município deu um parecer contrário ao que a EPTC faz. Por quê? Porque desconhecia esse convênio do Município, do Estado, que é o convênio do DETRAN. Então, começam a surgir fatos que começam a colocar... Que a nossa segurança e a nossa atribuição não é para fazer função da Brigada. Aí nos perguntamos: como é que vão fazer a fiscalização sem trabalhar em cima da função dos artigos do Município? Eu não pergunto, eu não fiz a Lei, a Lei foi votada nesta Casa. A responsabilidade é da Câmara que votou a Lei, e do Executivo. Agora, o que não dá mais para continuar acontecendo é nós sermos agredidos na rua, sendo culpados e os órgãos sendo omissos. Nós pedimos às Lideranças com as Bancadas para tentarem resolver esse assunto. Eu acho que isso é responsabilidade, não só civil, também é penal, para todos que votaram isso aí. Quem é que votou essa Lei? Quem é que fez a Lei? Quem é que fez a fiscalização? Quem é que fez essa Empresa? Tem que ter alguém responsável, porque as mortes continuam acontecendo.

O trânsito é a mesma coisa, vão culpar quem? O Executivo? O Executivo contratou um engenheiro, que fez as obras na Aparício com a Bento. Há dois anos os agentes estão alertando sobre aquelas mortes, sobre o problema do tráfego lá. Alguém tem que ser responsável! Quem é que fez aquela obra? Os Vereadores já foram olhar aquela obra, as duas estações, a travessia onde têm que se locomover as pessoas que descem ali ? Tem que se desmanchar aquelas duas paradas e pronto, e colocar em lugar seguro. Quem é que tem que pagar, é o Município? Eu não sei, acho que a responsabilidade é de a Câmara fazer uma comissão e investigar essas irregularidades, levantar esses pontos.

Há cinco anos foi criada a EPTC, eu me lembro; a Assis Brasil foi um genocídio de mortes e atropelamentos, e até hoje não está pronta (sic). Quantas mortes aconteceram naquelas vias de trânsito da Assis Brasil? E quem é o responsável, quem construiu? É a mesma coisa que a fiscalização: é um parâmetro (sic), ninguém fica responsável, todo o mundo fica isento. E como é que o Agente, psicologicamente, vai trabalhar na rua se não tem segurança, não tem segurança para o cidadão?

Nós viemos três vezes a esta Tribuna Popular: no dia 8 de abril, no dia 19 de abril de 2002, e no dia 24 de junho de 2002, e falamos dessas mesmas nossas condições de trabalho, dessas atribuições, que não foram definidas. Nem a sociedade conhece a nossa fiscalização! Quando se faz uma lei, ela tem que passar por quem entende de trânsito. Essa direção de Empresa troca a cada dois anos, e ninguém entende da questão de trânsito, ninguém entende da parte de trânsito, de segurança de trânsito, tanto é que eles não têm um engenheiro responsável pelo trabalho e pela fiscalização. E não pode perguntar qual... Tragam o Diretor aqui e mandem mostrar o projeto de segurança para os funcionários da EPTC. Ele não tem.

Ver. Beto Moesch, eu queria saber de V. Ex.ª, quando for responder para nós - pode ser por ofício -, quem é que vai dar segurança para a Fiscalização de Trânsito, quando autuar as carroças? A EPTC? A EPTC não dá nada, nem equipamento. Isso é uma vergonha! O Ministério Público diz: a fiscalização tem que ser dada. Tem que mudar essa Lei, porque essa Lei é uma vergonha para o Município! Quem inventou essa Empresa foi uma vergonha, porque ela nem tem texto contábil, não tem ciência, não tem firmeza. Ela não pode atuar, ela só pode atuar no Município; no Estado não pode; pelo que estou vendo, pelos documentos, não. Então, já começamos a notar que tem algum parecer contrário a isso aí. Quando viemos a esta Casa e falamos da legalidade da Empresa... Se ela é legal, ela não pode fazer a função de Estado. Então ela começa a se tornar ilegal. É só o Município. Eu acho que são várias as irregularidades que têm que ser colocadas, várias atuações; os Agentes estão sendo agredidos; é só ocorrência policial. Vai morrer alguém e quero saber quem vai ser penalizado. Se existe órgão para ser responsável, tem que responsabilizar alguém. E essa Direção... E esta Casa fez a Lei, ela tem que verificar, e as Lideranças das Bancadas são responsáveis por isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Convido V. S.ª para compor a Mesa.

Na minha condição de ex-Secretário de Transporte por duas vezes, até Presidente do Conselho Estadual de Trânsito, eu gostaria de lembrar que o Código Nacional de Trânsito tem um capítulo que trata de veículo de tração animal e tração humana.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, Presidente Marcelino Pogozelski, eu gostaria muito que o Presidente Túlio Zamin tivesse vindo para lhe ouvir. Mas, especialmente, para saber que quarenta e três vezes foi autuado pela DRT, Delegacia Regional do Trabalho, e os “azuizinhos” continuam trabalhando sem EPI, sem Equipamento de Proteção Individual. Apesar de uma média de faturamento instantâneo de 20 milhões anuais; em cinco anos foram 100 milhões. Especialmente porque se há alguém que tenha que defender os seus trabalhadores é o Partido dos Trabalhadores e, no entanto, os trabalhadores se queixam dessa forma amarga. Nem Engenheiro de Segurança do Trabalho existe numa instituição que é fundamental, sob todos os pontos de vista, especialmente porque tem que falar em educação no trânsito. Ora, se o professor de educação no trânsito, ele mesmo tem tantas transgressões a ponto de não ter moral para orientar, para educar, para formar pedagogicamente os motoristas, se eles tratam dessa forma os da sua casa, como eles vão tratar os outros? Realmente é apenas uma repartição arrecadadora.

Quero lembrar que muita gente tem morrido na cidade de Porto Alegre, especialmente crianças. Na estrada da Ponta Grossa, outro dia, duas, por falta de meio-fio, por falta de acostamento. As pessoas transitam em cima do asfalto, porque não têm como caminhar, especialmente em dias de chuva. E, esta semana, por pouco, por muito pouco, uma senhora com um carrinho de criança não foi atropelada por um caminhão e não ocorreu uma tragédia. Isso nós vemos todos os dias.

Conte conosco! Essa Lei tem de vir para a Câmara e nós vamos aperfeiçoá-la. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Comunicamos que o Ver. Luiz Braz está em representação da Casa na solenidade de posse do Ministro Teori Albino Zavascki, no cargo de Ministro do Superior Tribunal de Justiça, nesta Capital.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, Sr. Marcelino, Presidente do Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito, são muito graves as suas colocações aqui. É um órgão público, que tem a responsabilidade de qualificar e dar condições de trabalho, uma categoria que tem uma enorme responsabilidade com o trânsito de Porto Alegre. Meu caro Presidente João Antonio Dib, repito: é de muita gravidade a denúncia trazida aqui a esta Casa! Portanto, a Casa também tem sua parcela de responsabilidade com esta Cidade. Nós vamos nos juntar a essa categoria para que, pelo menos, esse problema, Marcelino, trazido aqui por você, seja solucionado, pelo menos em parte. A Cidade merece um trabalho de excelente categoria e os órgãos públicos têm a responsabilidade de dar condições para que as categorias prestem um serviço de qualidade para a cidade de Porto Alegre.

Conte com a Bancada do PDT. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, queria, em nome da minha Bancada, saudar a presença do Sr. Marcelino, Presidente do Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito da nossa Cidade. É um prazer receber a sua entidade, representada aqui pelo seu Presidente. Quero dizer que fiquei surpresa com as denúncias trazidas pelo senhor a esta Casa na tarde de hoje, pois eu me recordo que, praticamente há dois anos, quando eu presidia a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos desta Casa, e o senhor, na condição de Presidente da sua entidade, acompanhado de vários agentes de trânsito de Porto Alegre, trouxe essa denúncia à nossa Comissão. Nós fizemos uma Audiência Pública sobre este tema, e lembro que contou com a participação do Ver. Cassiá Carpes e da DRT. E naquele momento essas denúncias já foram colocadas, inclusive a própria representante da DRT colocou a preocupação com o descumprimento dessa regras que, pelo que o senhor hoje nos demonstrou, ainda não foi resolvido.

A situação de trânsito é um dos problemas mais graves que todas as cidades enfrentam e a nossa, de uma forma especial, tem, evidentemente, que ter, de parte do Executivo e de nós Vereadores, um acompanhamento muito grande, pela responsabilidade que tem o gestor público do Executivo em relação a isso

A situação dos agentes de trânsito já foi trazida aqui, penso que as condições de trabalho são absolutamente desfavoráveis e, portanto, a sua denúncia é pertinente. Apenas nos surpreende que ela ainda não tenha sido vitoriosa, porque essas lutas que vocês têm levado já tem vindo a esta Casa, têm vindo às Comissões técnicas, têm sido reiteradamente reapresentadas pela imprensa. Queríamos nos colocar à disposição para tentar avançar na luta que vocês têm feito, e expressar a nossa preocupação com o problema que o senhor, mais uma vez, traz a esta Casa, desejando sucesso nas suas reivindicações.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Muito obrigado, Presidente, Sr. Marcelino Pogozelski, Presidente do Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito e Transporte do Município de Porto Alegre, obrigado pela sua presença, e tenha a certeza de que nós estamos atentos. O senhor mesmo disse que já esteve aqui quatro vezes e que nós temos uma parcela de responsabilidade. Eu coloco o meu gabinete à sua disposição para saber o que, no caso, o PMDB e este Vereador, podem fazer em torno desse assunto. Problemas de trânsito existem em todas as cidades do mundo, mas eles têm de ser resolvidos; e quando o senhor chama à responsabilidade a Câmara Municipal, gostaria de ter todos os detalhes sobre isso, porque não se concebe que o senhor já tenha vindo aqui quatro vezes e nada tenha sido resolvido! Fico à sua disposição. Muito obrigado pela presença.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr. Marcelino Pogozelski, que é o Presidente do SINTRAN, quero cumprimentar o Sr.Marcelino pelo seu trabalho que desenvolve à frente do SINTRAN, principalmente trazendo as preocupações que são, de resto, as preocupações da população. Ele esteve na Tribuna Popular, também esteve na Comissão de Constituição e Justiça e demais Comissões trazendo toda a problemática que envolve a EPTC.

Quero dizer, Marcelino, que eu tive oportunidade de ser Secretário dos Transportes, e nós tínhamos uma experiência de transporte, e, segundo informações, todo aquele arsenal técnico que possuía a Secretaria foi levado à bancarrota; são informações que vinham, que vêm da própria Secretaria dos Transportes. Todo aquele conjunto de técnicos organizados, com sistemas organizados, foi levado à bancarrota. E hoje se trabalha “apagando o fogo”, em termos de transporte.

Na questão de trânsito, o Município é incipiente nessa área, é verdade, mas o que o senhor traz tem de ser levado a sério e em conta para que se tente resolver, porque nós estamos aí, e o “azulzinho” é visto sob o aspecto da multa. Então, todo o debate se desloca para um aspecto da questão, e as necessidades que tem a EPTC na sua estruturação, inclusive do ponto de vista jurídico e legal, ficam à margem. Eu acho que o senhor tem de continuar na sua luta, e nós aqui nos colocamos à disposição para ver o que é possível no sentido de criar um lugar de trabalho envolvendo o Executivo, o Legislativo e o seu Sindicato, para que se possa dar uma contribuição nesse sentido. Meus cumprimentos.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Sr. Carlos Pestana está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr. Marcelino Pogozelski, do SINTRAN, inicialmente, acho que é importante pelo menos repassarmos algumas informações que nos foram passadas pela EPTC. Primeiro, a Empresa fez um investimento de 01 milhão e 200 mil em plano de saúde, algo em torno de 100 mil por mês; fez investimento de mais de 300 mil em equipamentos e uniformes; constituiu um conjunto de cursos que tem uma carga horária de 380 horas e uma manutenção de 60 horas. Então, é importante dizer que estabeleceu, como para o resto dos servidores públicos municipais, uma política de bimestralidade. São questões que estão aí para qualificar o servidor que trabalha na questão do trânsito.

Quanto à questão levantada pelo Presidente do Sindicato sobre a fiscalização das carroças, acho que é importante, e o próprio Presidente já acabou respondendo, quando informa que o Ministério Público, inclusive, - já não bastasse a própria lembrança do Presidente desta Casa nos lembrando que consta no Código Nacional de Trânsito a questão das carroças - o próprio Ministério Público já se manifestou quanto à legalidade dessa ação. Então, é importante também o Sindicato enxergar que, para o Município, e em particular para a EPTC, é fundamental cumprir aquilo que está estabelecido na Lei. O próprio Ministério Público, que é o fiscal da Lei, está nos colocando a necessidade de termos uma atuação frente à questão das carroças.

Feitas essas considerações, quero colocar aqui que a Bancada do Partido dos Trabalhadores também está disposta a intermediar, trabalhar para que essa relação com a Empresa, que sempre esteve aberta para o diálogo, se mantenha. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação ao Sr. Marcelino Pogozelski, Presidente do SINTRAN. Como Líder da Bancada do PC do B, mas também como Presidente da CUTHAB, Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, nós estamos à disposição para recebermos mais informações sobre essa questão e contribuirmos, na medida do possível, para tentar uma negociação, uma solução para o problema, que é complexo, mas creio que é possível, por intermédio da conversa, do entendimento e das próprias sugestões que possam vir de parte do Sindicato, encontrar uma solução para o problema de segurança. Somos sabedores do que os chamados “azuizinhos” têm enfrentado na sua dedicação em busca de solucionar os problemas de trânsito da Cidade.

Estamos à disposição para tentar ajudar o SINTRAN e, ao mesmo tempo, a própria EPTC para resolver esses problemas.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Falo em nome da Bancada do Partido Progressista, dos Vereadores Pedro Américo Leal, Beto Moesch, João Antonio Dib e em meu nome.

Damos as boas-vindas ao Sr. Marcelino Pogozelski, Presidente do SINTRAN.

A Bancada do Partido Progressista é muito preocupada com o trânsito em Porto Alegre e preocupada também com os congestionamentos no trânsito, o que acontece, diariamente, em vários locais e horários. Mas o que o Presidente do SINTRAN vem nos trazer aqui é muito importante; vem fazer várias comunicações e até denúncias de que os fiscais de trânsito trabalham com pouca ou nenhuma segurança no trabalho, inclusive, segundo eu entendi, não existe Engenheiro de Segurança na EPTC, e a EPTC recebeu quarenta e três autos de infrações por descumprir a Legislação de Segurança do Trabalho. São afirmações importantes que nos preocupam. Preocupa-nos, também, que, se o agente de trânsito informa que há possibilidade de existir acidente na Av. Bento Gonçalves com a Av. Perimetral e avisou com mais de um ano de antecedência, e não foi tomada nenhuma providência, isto é muito grave. A Bancada do Partido Progressista vai rever as notas taquigráficas para verificar que providências deve tomar. Com relação à fiscalização das carroças, o nosso Ver. João Antonio Dib já expôs que o Código de Trânsito prevê isso e que efetivamente é uma obrigação da EPTC executar essa fiscalização, porque, realmente, as carroças trazem uma dificuldade muito grande para o trânsito em Porto Alegre. Merece, sim, uma fiscalização, existe lei para isso e nós vamos ficar atentos. Obrigado pelas suas informações, Presidente Marcelino Pogozelski, e volte sempre.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Presidente Marcelino Pogozelski, nós agradecemos a presença de V. S.ª neste plenário. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h33min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 14h34min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, é com muita satisfação que nós vamos agora abrir, nesta casa, as comemorações alusivas à Semana Mundial do Meio Ambiente, onde a Avenida Clebio Sória está com várias exposições que dizem respeito ao Meio Ambiente: exposições de arte, de cultura, fotos, empreendimentos, todos eles voltados a uma concepção ambiental. É a terceira edição que esta Casa oferece referente a exposições nesse sentido. Agora, é através de uma Resolução. Estamos convidando aqueles Vereadores que possam se fazer presentes, para abrirmos a exposição, que ficará aqui na Avenida Clebio Sória, no térreo desta Casa, até sexta-feira.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Transmitido o convite do Ver. Beto Moesch, que eu estendo à população porto-alegrense. A exposição realmente é muito interessante e fica até sexta-feira à disposição dos munícipes porto-alegrenses. Convidamos os Vereadores para a abertura da exposição.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, uma consulta a V. Ex.ª. Se não me falha a memória, no dia 15 de março, fiz um pronunciamento na tribuna e entreguei um dossiê a V. Ex.ª, que dizia respeito a uma área lindeira ao Instituto Santa Luzia. Visto que o INSS nada providenciou, no sábado, mais uma residência, dentro da área do Instituto Santa Luzia, foi invadida. E mais, Sr. Presidente, ontem, mais um fato lamentável: um Sargento da Brigada foi morto nas imediações. A Casa tem poderes, vamos ser educados, vamos convidar o Superintendente do INSS ou convocá-lo, para que ele se pronuncie a respeito do fato.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Ervino Besson, V. Ex.ª me entregou no dia 15 de maio, não março, o problema de área do INSS. Evidentemente, naquele documento, eu não encontrei como a Câmara poderia atuar, mas V. Ex.ª pode, sim, na Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, convidar o Superintendente do INSS para que ele esclareça a posição da instituição em relação às áreas que aí estão.

 

O SR. ERVINO BESSON: Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h37min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 15h03min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Luiz Braz, em Comunicações.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o início do século XX traz para nós três eventos fundamentais para entendermos o que ocorre hoje. O primeiro deles é o messianismo e, nesse messianismo, temos a figura de Antônio Conselheiro, em Canudos. Nós temos um importante ato messiânico, que foi o episódio do Contestado, na fronteira de Santa Catarina com Paraná e, por fim, os Muckers, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Na verdade havia, sim, a união do problema religioso com o carismático.

Hoje vivemos no Brasil um outro tipo de problema também religioso e também carismático.

Atualmente temos sinais de revigoramento de uma democracia cujo Presidente, continuador da era Fernando Henrique Cardoso, fala com extrema freqüência em Deus. E não poucos cientistas políticos vêem no Presidente atual do Brasil um novo messias.

É uma fase perigosa do processo democrático, pois pode se pensar que o País depende dele, Presidente, imprescindivelmente. Há poucos dias Lula afirmou que não cometerá nenhum erro político, pensamento um pouco dissociado da realidade, pois o ser humano erra.

A própria associação com a Igreja Católica permitiu a criação da imagem do Presidente como uma figura extremamente poderosa, como o advento de um Presidente ungido, algo sebastianista.

No atual momento brasileiro, a palavra do Presidente é constituída de ponderável responsabilidade, inclusive por seu papel pedagógico. A sistemática dos pronunciamentos improvisados, mesmo cercados de autenticidade repentista, a não ser que seja portador de um talento excepcional, corre o risco de afirmações fora do contexto ou repetitivas. Com o tempo, seu discurso torna-se duvidoso, e um auditório, com um mínimo de bom senso, educação e cultura, não se apraz em ouvir conteúdos sem sentido, coisas peregrinas e vagas, “Vou fazer o necessário, depois o possível, depois o impossível”.

Mesmo assim, esse discurso de gafes e obviedades, ora transformando os cidadãos brasileiros em seus filhos, ora citando sua origem de pobre torneiro mecânico, vem agradando a diversas platéias. Às vezes ele diz: “O término de nossos mandatos terminam juntos”, ou “Nem o Presidente Toledo nem eu teríamos o tamanho que temos hoje se não tivéssemos nascidos pequenos. O importante foi a coragem de nascer”. Ou: “Todo mundo tem o direito de ser contra ou a favor ou muito antes pelo contrário.”

Por enquanto, tudo tem o charme da novidade. Quando a exaustão desse estilo exigir preparo para os problemas, os problemas dos juros altos, da recessão e do desemprego que nós começamos a viver, quem sabe nossa análise se consumirá na regressão messiânica de um processo voltado para o religioso, para a citação permanente de Deus e para o carismático. Indubitavelmente, Lula é um carismático, tem a barba grande, porém sem as soluções que a nacionalidade tanto espera, porque nós passamos a ter uma imensa expectativa em relação ao Programa Fome Zero. A fome está aumentando neste País.

Nós temos uma imensa expectativa na diminuição e na queda dos juros desumanos que têm o Brasil há muitos anos. A promessa não está sendo cumprida e, ao contrário, estão sendo aumentados os juros. Nós temos uma expectativa imensa no sentido do fim dessa imensa tragédia capitalista que é o desemprego. O desemprego, que é a maldição desse início de século e de há alguns anos, é tão criminoso, é tão deletério, do ponto de vista social, que nós não aceitamos mais que haja um desempregado. Se houver um desempregado no Brasil, isso é uma tragédia. E, por isso, nós não podemos abrir mão dessa luta contra o desemprego, mas só se faz luta contra o desemprego desenvolvendo. E a política é recessiva e não desenvolvimentista, como nós vimos aqui no Estado ou como essa avaliação que o Partido dos Trabalhadores fez, no ultimo fim de semana, em que dizia que apenas houve um problema político, de má interpretação do Governo Olívio Dutra, sem falar que ele mandou embora a Ford, que dizimou a Segurança e que semeou a desesperança em todo o Estado do Rio Grande do Sul. Essa ambigüidade não pode continuar.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Marcelo Danéris.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, hoje de manhã, tivemos a oportunidade de promover uma reunião para tratar do assunto especificamente da prostituição infantil e da exploração de menores no Bairro Ipanema. Na reunião estiveram presentes, foram interlocutores: o Major Castelar, falando em nome da 4.ª Companhia do 1.º Batalhão de Polícia Militar; o Delegado Pedro Urdangarin, Delegado da 6.ª Delegacia de Ipanema; o Delegado Paulo César Jardim, Diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, falando em nome do Secretário de Segurança; a Diretora Maria Alice, Diretora da Escola Estadual Odila Gay da Fonseca; o Sr. Júlio Cézar Fontoura e o Sr. Sérgio Fraga, Conselheiros Tutelares da Microrregião 6; a Secretária Helena Bonumá, Secretária dos Direitos Humanos do Município, e a Deputada Federal Maria do Rosário. Nós tivemos a oportunidade de discutir os fatos acontecidos no entorno de Ipanema, tivemos também a presença dos moradores que, como muitos, estão preocupados com a questão da prostituição infantil naquela região, inclusive houve alguns depoimentos de que, em determinas ruas, transversais à Av. Osvaldo Cruz, ruas sem saídas, durante o dia jovens fazem sexo na rua. Os moradores diziam-se constrangidos e com receio até mesmo, às vezes, de ir a uma padaria próxima; eles têm de ir de carro, porque têm receio. Então, esses depoimentos foram muito importantes para mostrar... A Polícia Civil e a Brigada Militar acertaram conosco que vão fazer uma policiamento mais efetivo, mas, ao mesmo tempo, disseram que estranhavam, porque não tinham nenhuma denúncia de prostituição de menores, ou melhor, de prostituição infanto-juvenil naquela região, só que os depoimentos dos moradores presentes mostram justamente o contrário, e o que nós vemos hoje é que a polícia, que tem o poder de investigar e sabe muito bem, não consegue detectar os acontecimentos, enquanto que os moradores, no seu dia-a-dia, os comentam. O que nós indicamos é que esses fatos ocorrem durante o dia, às 16h, às 17h, e é em cima dessas informações que a Brigada Militar e a Polícia Civil vão ter uma posição de forma mais ostensiva. Ficou acordado que faremos reunião com os moradores do Bairro e também vamos incentivar que os moradores do Bairro, quando houver incidências e ocorrências, façam o Boletim de Ocorrência para que a polícia possa ter dados efetivos, pois a polícia alega que não tem esses dados, porque as pessoas telefonam mas não registram as suas queixas. Isso também é muito preocupante, nos faz ter um outro olhar sobre por que as pessoas hoje não querem fazer ocorrências. Será que têm medo de ser detectadas ou não acreditam na questão policial?

Por meio de diversos depoimentos que chegaram, durante a semana, ao nosso gabinete, vimos que outros pontos da Cidade também estariam com problemas idênticos; então, protocolamos esta matéria nesta Casa e vamos pedir - Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª, como Presidente da Casa - para tentarmos agilizar e colocarmos uma Comissão Especial que trate sobre a questão da prostituição infanto-juvenil no Município de Porto Alegre o quanto antes, porque este assunto é sério e merece dos membros do Legislativo e da sociedade civil organizada, como um todo, uma atenção muito especial. Estamos tratando com jovens adolescentes, com pessoas que estão na sua formação, e nós temos o dever e o direito de retirar essas meninas da rua e ver uma forma de sociabilizá-las novamente no âmbito da sociedade. Hoje, a Secretária Helena Bonumá também disse que essa é a intenção do próprio Governo Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Moraes está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, hoje gostaria de me manifestar, neste período de Comunicações, sobre uma polêmica que envolve o Ministério da Cultura, especificamente em torno de uma suposta denúncia feita por duas grandes figuras do contexto cultural nacional, quais sejam o cineasta Cacá Diegues e o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto. Eles acusaram o Ministério da Cultura de estar estabelecendo ou propondo o dirigismo cultural, ou o que a gente poderia chamar também de stalinismo, palavra que foi usada na imprensa em Porto Alegre, agigantada. Eu creio que isso é uma falsidade, merece um esclarecimento. Eles se colocaram também como representantes da cultura e do pensamento nacional. No outro dia, depois dessa situação, eles foram contestados, o Barretão e o Cacá Diegues, por mais de cinqüenta realizadores, cineastas, produtores e artistas que, em primeiro lugar, não se consideram representados por eles; eles não falam em nome da cultura nacional. Pessoas do porte de Nélson Pereira dos Santos, Eduardo Coutinho, do nosso Jorge Furtado, concordam com o edital apresentado pelo Ministério das Comunicações, que exigia a contrapartida social, Ver. Zé Valdir, ou como nós chamamos em Porto Alegre, o retorno do interesse público. Isso já acontece no FUNPROARTE, quando não há nenhuma interferência no conteúdo da obra, muito menos na forma, mas que algum projeto, algum programa, algum produto cultural financiado pela verba pública deve ter essa contrapartida social. Por exemplo, se for uma apresentação de vinte peças de teatro, cinco peças devem ser apresentadas na periferia. Foi exatamente esse retorno de interesse público que acontece no FUNPROARTE que possibilitou, há quinze dias, a apresentação do sofisticado espetáculo de teatro Circo Minimal, no ginásio do CECORE, para mais de duzentas crianças, que tiveram a oportunidade de conhecer um espetáculo tão magnífico quanto esse, que ontem aconteceu no Parque Farroupilha.

Eu acredito que é muito importante este debate. É bem-vindo em um País que vive um momento especial, um momento iluminado, onde os novos conteúdos éticos e simbólicos sintonizam com toda uma esperança, uma esperança de mudança, onde há um grande orgulho nacional simbolizado na figura do nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E este momento tão importante, este momento de reformas estruturais, reformas fundamentais ao futuro do nosso Brasil, é este momento que exige novas alternativas, Ver. Renato Guimarães, a idéia da cultura, a idéia da cultura enquanto direito, enquanto justiça, enquanto expressão das diferenças sociais, sexuais, étnicas, religiosas e políticas. A cultura que possibilita o desvendamento das aparências, da interpretação crítica, revela, Ver. Cláudio Sebenelo, a paixão e a compaixão transformadoras.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Parece que o Ministro Luiz Gushiken, o Cacá Diegues e o Luiz Carlos Barreto já chegaram a um comum acordo, as coisas parece que estão pacificadas, porém...

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Estão pacificadas, mas não estão resolvidas. O debate prossegue. O Ministro Gilberto Gil foi a Recife e mais de cinqüenta realizadores conversaram com ele, concordando com a idéia da contrapartida social.

 

O Sr. Renato Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Para contribuir com sua intervenção, quero dizer que foi uma satisfação para este Vereador ver, pela primeira vez, um representante de uma Nação, como a Brasileira, ir num fórum internacional, como o Fórum do G-8, e dizer que há a necessidade de contrapor a lógica de gastar dinheiro com armas bélicas e pegar esse dinheiro e gastar com a alimentação do povo que há no mundo.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Pegar o dinheiro das armas para o fundo de alimentação para o povo. Também concordo.

Voltando à questão inicial, acreditamos que há um exercício, há uma gestão da cultura em Porto Alegre que sempre considerou que a obra de arte não pode, jamais, se submeter a alheias exigências, sejam de mercado, de financiadores ou de ideologias políticas, mas o artista deve ser fiel à sua concepção de vida, aos seus desejos, às suas intenções, e essa experiência que existe em Porto Alegre, que está inacabada, e sempre em busca de auto-superação, busca uma gestão cultural que propicie o desenvolvimento pleno das pessoas, da criatividade, e, a partir daí, a construção da paz, a construção da qualidade de vida, a construção social coletiva.

Portanto, acredito que o Ministério da Cultura deve considerar a cultura necessidade social básica e deve propor, sim, mecanismos de democratização do acesso e garantir transparência a novos critérios, à escolha dos patrocinados, que devem ser, sim, passíveis de responsabilização e de fiscalização, porque se trata da verba pública. Obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o assunto que eu gostaria de comentar no meu período de Comunicações, desta tribuna, hoje, é um assunto que fomentou a Cidade nos meses de abril e maio, relacionado às rodadas do Orçamento Participativo. Nas dezesseis regiões da nossa Cidade, tivemos durante esses meses a participação de milhares de cidadãos e cidadãs de Porto Alegre que voltaram-se para a sua Cidade, para a sua Região, para a sua comunidade, para a sua vila, exercendo, efetivamente, a sua cidadania, a sua democracia, elencando as prioridades em termos de definição de quais políticas públicas o Executivo Municipal deve investir na aplicação dos recursos do Orçamento Municipal, ou seja, o processo de participação popular na cidade de Porto Alegre sai mais uma vez fortalecido e demonstra que a população, por intermédio da Administração Popular, há quinze anos, vem dando exemplos de democracia e de controle público dos recursos para o País e para o mundo.

Assim, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, inverte-se uma lógica na elaboração e na execução de orçamentos públicos no País, historicamente marcada pela concentração de poder, desperdícios de recursos, clientelismo político, muitas vezes, e a própria corrupção.

Desde o seu início, em 1989, os projetos decididos pelo Orçamento Participativo representam investimentos de mais de um bilhão, principalmente nas áreas de infra-estrutura urbana e políticas sociais, que proporcionam à população uma melhoria na sua qualidade de vida, efetiva e concretamente na sua vida diária.

É por isso que a participação popular, por intermédio do Orçamento Participativo vem sendo destacada pelas diversas organizações internacionais, como a ONU, por exemplo, como sendo um modelo de democratização e controle dos investimentos públicos, devendo ser seguido por outras nações, outros governos, outros países.

A participação popular é uma marca das administrações da Frente Popular. Aqui no Estado, com o Governo do companheiro, hoje Ministro das Cidades, Olívio Dutra, os gaúchos e gaúchas tiveram, pela primeira vez, a oportunidade de discutir onde o Governo deveria aplicar os recursos, prioritariamente.

Por outro lado, o Governo que nos sucedeu, de certa forma, reconheceu isso, porque ele criou um outro modelo de participação popular, tendo em vista que a cultura do OP já estava enraizada na dinâmica da população, na vida da população e, por isso, ela não poderia ser, simplesmente, extinta. No entanto, a reformulação do modelo de participação, apresentada pelo Governo Rigotto, descaracterizou o modelo de democracia plena, não mais privilegiando a participação direta da comunidade, e sim por meio das representações e dos conselhos setoriais, o que, sem dúvida alguma, inibe a participação da maioria da população, mas Porto Alegre segue vivenciando, mais uma vez, o exemplo de um modelo de gestão que tem mudado, dia a dia, a nossa Cidade para melhor.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu só queria, honrando este aparte que V. Ex.ª me deu, educadamente, divergir de V. Ex.ª, porque nós constatamos, na forma como está sendo implementado, o ocaso do Orçamento Participativo em Porto Alegre, tanto é que a Administração Popular - dita popular, na opinião deste Vereador - está em mora com a população com relação ao cumprimento dos pleitos postulados desde 1999, que não são atendidos. Muito obrigado.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Certamente, eu esperava o seu aparte, Ver. Isaac Ainhorn, que é um ferrenho Vereador que debate esse assunto aqui na Câmara. Eu queria salientar, Vereador, que nas dezesseis plenárias regionais do Orçamento Participativo - mesmo com as dificuldades relatadas corajosamente pelo nosso Prefeito e pela imprensa, neste momento de elaboração do Orçamento e de disputa no Orçamento Participativo - aumentou a participação de homens e mulheres. O povo de Porto Alegre acredita, é consciente da sua participação e da aplicação dos recursos que a senhora, a mãe de família e o pai de família, que estão lá no Orçamento, na sua vila, reivindicam para a sua obra. Este é o melhor modelo de gestão e de participação popular.

Para concluir, Sr. Presidente, eu quero dizer que, nesses quinze anos, a comunidade, o cidadão, a população de Porto Alegre amadureceu e colocou, prioritariamente, habitação, em primeiro lugar, assistência social e educação. O nível de conscientização da nossa população nesses anos cresceu, sem dúvida nenhuma, com a participação popular na cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, não poderia deixar de fazer um aparte sobre esse tema, apesar de que o tema que eu vou falar aqui é outro.

O Ver. Isaac Ainhorn tenta confundir a população de Porto Alegre. Vejam só, o Executivo deixa, por ter esse entendimento, por ter essa vertente popular, uma atribuição sua e passa para a complementação da participação popular. Se o Vereador acha que isso é tirar os poderes da Casa, fica bem esclarecido agora como cai por terra esse discurso eleitoreiro.

 

O Sr. Renato Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Maristela Maffei, fazendo um aparte e também contribuindo com o debate, é bom registrar aqui que o Ver. Isaac Ainhorn é defensor de um outro modelo, de um modelo que decide as coisas dentro dos gabinetes e não no debate com o povo.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Como está fazendo o atual Governo do Estado.

 

O Sr. Renato Guimarães: Isso! Então, para nós não tem importância ele defender esse modelo, mas nós vamos continuar defendendo o nosso modelo, que é o de construção junto com o povo.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, entrando no tema da questão da Reforma Previdenciária que nós estamos discutindo. A população, que não está entre os ativos e inativos, quer saber o que significam alguns temas que estão falando pela televisão. E nós estamos fazendo essa discussão com a população: discutindo o que é déficit, flexibilização; salário ativo e passivo; divida ativa; fixação, princípio atuarial. Inclusive, como eu não sou da área econômica, escrevi, para não cometer muitos erros, já que não tenho a linguagem, ou o viés econômico, baseada no texto do Prof. Wilson Cano, Professor da UNICAMP, que diz o seguinte: qualquer pessoa sensata – é isso que penso, referindo-se a Reforma que o nosso Presidente Lula está fazendo, com algumas questões que temos que ajustar, sim, com os trabalhadores e com toda a sociedade – e que compreenda a dimensão do problema fiscal brasileiro e da questão previdenciária sabe que é necessário estudá-la e fazer a sua reforma. A discussão inicial se pautou por termos semelhanças com os instrumentos usados pelo Governo anterior, que, na busca de resolver os problemas financeiros, para pagar e amortizar a sua dívida interna, investia contra os dois únicos itens orçamentários que ainda não haviam sido trocados desde as grandes trapalhadas, inclusive intencionais, do Governo Collor: o funcionalismo sem aumento e tudo o que nós temos como conseqüência. O orçamento atual da seguridade social é superavitário, graças ao jeitinho que Fernando Henrique Cardoso, que utilizou recursos da contribuição social sobre o lucro líquido e da contribuição para financiamento da seguridade social, ou o chamado COFINS, para outras finalidades, passou a conviver com um déficit crescente.

Primeiro, é importante que se diga: mostrar ainda as nossas diferenças, que as desastrosas políticas econômicas e de recursos humanos de Fernando Henrique Cardoso comprimiram com as receitas próprias, tanto do INSS quanto da Previdência Pública Federal.

Segundo, em 1990, a passagem de cerca de duzentos e cinqüenta mil celetistas do Governo Federal para o regime estatutário. E, ainda, de 1990, o quadro ativo passou de novecentos e noventa e dois mil funcionários para oitocentos e trinta e um mil em 2002. Mas, o número ativo, senhoras e senhores, saltou de quatrocentos e oitenta e um mil para novecentos e seis mil, resultado das propostas de reforma nessa área, principalmente no setor militar” – V. Ex.ª sabe disso, Ver. Pedro Américo Leal – “ou seja, cento e sessenta e um mil funcionários deixaram de contribuir e os inativos aumentaram em duzentos e cinqüenta e um mil! Diminuiu-se, então, em quinhentos e oitenta e seis mil o número de contribuintes.

Moral da história, Sr. Presidente, com a sua tolerância: a transferência de salários ativos para inativos diminuiu os recursos de contribuição.

Há, sim, que se fazer essa reforma, com reformulações do cálculo atuarial, com o aumento das contribuições dos servidores. E os servidores, com certeza, por outro lado, que hoje a rejeitam, vão compreender, com uma ampla negociação, e será aprovada, mostrando aos inativos que não faz sentido o fato de que, ao passar do ativo para o inativo, esse passa a receber um ganho líquido maior, dado que deixa de contribuir com os 11%. Ter contribuição progressiva, cobrando muito menos para quem ganha pouco e muito para quem ganha mais.

O atual déficit da Previdência Pública Federal, Sr. Presidente, é de 35 bilhões de reais, um valor equivalente aos fundos do BNDES, que engordaria mais o sistema financeiro, o mercado de capitais e os sindicatos que, se eliminada a contribuição sindical compulsória, estaria mirando para a possibilidade de criar fundos de pensão próprios, com o que obteria recursos substitutivos.

Terminando, Sr. Presidente, é ilusão pensar que a instituição de tais fundos resolveria os nossos problemas, e esses, em mãos privadas, obterão rendimentos no mercado e não financiarão empreendimentos que exijam longo prazo de maturação e baixo retorno.

Portanto, Sr. Presidente, uma opção seria a constituição de um fundo público, lastrado por títulos federais de longo prazo, corrigido pela inflação, mais o juro real de 5% ao ano. Um exemplo importante: durante 20 anos, se o Governo depositasse, anualmente, o equivalente a sua contribuição legal, teria um fundo cumulativo que, com os juros, zeraria o seu déficit previdenciário anual. Esse é um bom exemplo, diferente, Sr. Presidente, do que aconteceu na Argentina em relação à reforma previdenciária, que acabou contribuindo para a quebra financeira do Estado. Muito obrigada, Sr. Presidente, pela sua tolerância.

 

(Revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, para um esclarecimento. Há trinta dias encontrava-se na Pauta o Projeto n.º 078/02, que trata de uma permuta da Prefeitura com uma empresa particular. De uma hora para outra esse Projeto saiu da Ordem do Dia, e eu não lembro de ter votado Requerimento nesse sentido nesta Casa. Hoje esse Projeto volta a aparecer na Ordem do Dia. Queria saber qual é o procedimento para retirar Projetos da Ordem do Dia e recolocá-los sem passar pela votação do Plenário, se é que isso aconteceu. Porque, se há um precedente hoje, poderá haver outro amanhã.

Segundo, digo a V. Ex.ª que fiz um pedido de informações, inclusive protocolei, sobre a questão da avaliação dos imóveis. Ali há três questões básicas que precisam ser esclarecidas. Primeiro, a questão que suscito é que também a atualização das matrículas dos imóveis está muito atrasada. Fiz outro pedido, que não foi devidamente atendido. Um dos pedidos foi atendido; o outro, não.

Terceiro, há uma pendência no Ministério Público que também foi comunicada a esta Casa. Então, gostaria de solicitar a V. Ex.ª que tivéssemos um pouco mais de cautela para avaliar esse processo.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador Sebastião Melo, a Presidência, há pouco mais de um mês, determinou a retirada do Projeto da Ordem do Dia. Houve até uma Tribuna Popular debatendo o Projeto; houve uma manifestação do Ministério Público colocando possíveis irregularidades. Mas, no momento em que o Executivo respondeu a um Pedido de Informações, examinado por nós, entendíamos que o Projeto estava em condições de tramitar. Por isso ele retornou à Ordem do Dia. Ele havia sido retirado preventivamente. Não há mais razões para manter a retirada, entende a Presidência, sem nenhum problema. Se V. Ex.ª deseja contestar, não é o caso de dialogar, mas aceito.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, estamos abrindo um precedente complicado. Para se retirar um Projeto de Pauta, não se retira porque a Presidência dos trabalhos assim o quer; retira-se embasado no requerimento de alguém, salvo melhor juízo. E eu tenho interpretado o Regimento, pode ser que eu esteja equivocado. Não sei se a Presidência tem o poder de retirar Projeto da Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, a Presidência não agiria em desconformidade com o Regimento, art. 19, letra "g". (Lê.): “... retirar da Ordem do Dia proposições em desacordo com exigências regimentais.” Havia dúvidas, portanto, havia razões de retirada. Nós determinamos a retirada e agora fizemos com que retornasse.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Volto a V. Ex.ª para dizer que fiz o pedido de esclarecimento. Estou peticionando, a petição está pronta, protocolarei neste momento, porque nem todas as dúvidas, na minha avaliação, foram respondidas nesse pedido de informação. V. Ex.ª disse que foi esclarecido, mas eu, que pedi as informações, não me sinto esclarecido. Eu sou um dos Vereadores da Casa. Esta Casa tem uma regra, vota pela sua maioria. Eu acho é que nós não poderíamos, na minha avaliação - esse é o apelo que eu faço -, atropelar e votar esse processo dessa forma hoje. Porém, se a Casa, na sua maioria, entender isso, evidentemente que nós vamos discutir isso no seu mérito.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra por transposição de tempo do Ver. Nereu D’Avila, que cedeu o seu tempo para o Ver. Dr. Goulart em Comunicações.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exm.º Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu contemplo o Governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva com expectativa. E até com tolerância. E, por que não dizer? Com simpatia. Espero que ele acerte. Faço votos, quero que ele acerte. Todavia o seu brado, que ecoa em todo o País, e até no mundo, haja vista a tarde de ontem, em que ele repetiu: “Fome Zero!” Eu acho que deveria ceder lugar a “desemprego zero”. Fome Zero é utópico; aliás o PT sempre prima pelas utopias, deseja as coisas inalcançáveis, que todos nós queremos também, mas que são longínquas, são etéreas, são esfumaçantes, se perdem no horizonte. Fome Zero! Quais são as conseqüências, com cinqüenta e quatro milhões de brasileiros que, ou são indigentes ou são pobres? Eu vou especificar: pobres são aqueles que recebem, segundo consta nas estatísticas, menos de 2 dólares por dia; indigentes são aqueles que não recebem coisa alguma e beiram à tentativa de chegar a 1 dólar por dia. Como é que se pode dar um brado desses, que ecoou em todo o País e se perde no espaço? Fome Zero! Todos nós queremos, mas e daí? Por que não o “desemprego zero”? Mas ele está com 26,5% de taxa de juros; está em contradição ao que diz, porque o desemprego está aumentando, aumentou em 20% em São Paulo.

E eu vejo agora essa desapropriação de terra, em São Gabriel, da família Southall, que eu repito aqui para que todos escutem: ele foi meu soldado, foi entregue pelo pai a mim, para fazer dele um homem, para voltar para a sua fazenda – isso há quarenta anos -, para poder gerir os seus bens. E agora, vejam, a título de implantar um novo modelo de reforma agrária, o Ministro Miguel Rossetto busca uma reforma agrária que estimule a produção agropecuária, que gere empregos, renda, qualidade de vida no campo, além de incorporar novas tecnologias capazes de ampliar a produtividade. Isso é o que ele diz. Eu repito aqui as palavras dele. Mas como? E coloca quinhentas famílias, ou seja, três mil pessoas que, repentinamente, São Gabriel tem de administrar, porque são três mil pessoas que chegam, que saíram da beira da estrada, que invadem um campo de 13 mil e 200 hectares, e, repentinamente, dividem-se em lotes e querem colégio, querem hospital, querem estradas, querem sementes, querem tudo. Como justificar essa marcha do PT em direção ao poder? Não sei como. Há uma contradição em tudo isso; eu não sei onde eles querem chegar, porque essa fazenda tem doze mil ovinos, nove mil cabeças de gado, 800 ha de soja plantados, quarenta e dois empregos diretos e indiretos. Eu não entendo como é que isso está se procedendo. Alguma coisa está errada, mas eu não entendo disso. Oh! Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª que trabalha com terras - V. Ex.ª que está telefonando e não deveria estar -, eu desejo que V. Ex.ª venha aqui justificar o que está-se dando em São Gabriel. Alguma coisa está errada, eu não estou entendendo o que está-se passando. Onde eles querem chegar? Eles devem querer chegar a algum lugar, a alguma meta; eu não enxergo essa meta, e isso me aflige. Eu não tenho terra nenhuma, não tenho um centímetro de terra, mas eu sei que isso vem sobre mim, isso vem sobre a Cidade. Isso é uma idéia em marcha, isso é um perigo; desapropriações a esmo. Por que não vão aproveitar as terras devolutas que nós temos, os hectares de terra que estão lá para o Norte e para o Nordeste? Por que vêm aqui no Rio Grande do Sul? O que eles desejam? Não sei. V. Ex.ªs sabem? Então procurem-me para dizer onde eles querem chegar. O Miguel Rossetto é de uma linha do PT - se não me engano é da Democracia Socialista -, ele tem objetivos, ele tem metas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Coloco em votação o Requerimento n.º 109/03 que autoriza o Ver. Beto Moesch a viajar – e viajou -, no dia 28 de maio a Júlio de Castilhos, percebendo uma diária. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Ver. Dr. Goulart está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Nereu D’Avila, em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, nós temos trabalhado muito nesta Casa, e a nossa grande preocupação é com a famigerada Central de Marcações. Não é possível que os nossos trabalhos sejam tão lentos, tão lerdos, tão colocados de lado que o arauto da população, um dos colunistas mais lidos deste Estado venha nos ensinar o que devemos fazer com a Central de Marcações? O articulista pede, de uma maneira bastante radical, que nós podemos rever e estudar: (Lê.) “Desculpem-me os governantes, desculpem-me os responsáveis” – os responsáveis somos nós! – “Desculpem-me os governantes” – são eles e somos nós! “Desculpem-me, mas é necessário que se faça desaparecer a Central de Marcações! Desaparecer! Implodir a Central de Marcações”, isso diz o articulista Paulo Sant’Ana. E explica por quê. Porque as pessoas ficam numa fila esperando e só vão conseguir a consulta quando estão aleijadas, quando estão mortas ou quando estão apodrecidas. “Apodrecidas” é o termo que o colunista diz aqui. E nós vamos ficar parados Câmara de Vereadores? Nós vamos ficar insensíveis? Nós não podemos, nós temos de procurar o Líder do Governo e encontrar uma saída para isso. Vinte e seis mil pessoas esperam em casa por uma consulta, vinte e seis mil pessoas aguardam em casa, ou seja - é um chavão, mas temos de nos reforçar do chavão; é em Porto Alegre, vinte e seis mil só do Município; temos de usar o chavão -: vão para “debaixo do tapete”. As filas, antes constrangiam o serviço de saúde; hoje, as pessoas ficam em casa, abandonadas, aguardando. Não é raro encontrar-se uma pessoa que recebe o seu chamado depois de morta; não é raro. Isso está certo, Presidente João Antonio Dib? Isso está certo, Líder Ver. Marcelo Danéris? Isso está certo, bancada da oposição? Isso está errado! Nós temos de nos aproximar, e, de alguma maneira, a Bancada do PT tem que tirar a empáfia do Secretário da Saúde para que ele nos ouça. Será que os Vereadores que fizeram projetos da Saúde estão errados? Não foi aprovado nenhum! Nenhum projeto nesses três anos foi aprovado! Isso mostra o quê? Uma radicalidade burra, uma radicalidade inconseqüente, tanto que o articulista pede o fim da Central de Marcações, e nós temos de bater palmas e dizer que seja o fim. Talvez o fim, tornando cinzas, possa trazer uma nova solução para as pessoas que esperam. Eu estou falando a respeito do Sr. M. S., de sessenta e dois anos, cuja médica atendeu e o mandou para a urgência, mas a Central de Marcações é um aparelho, é um computador, é um telefone, não sabe quem sofre, quem tem dor, quem tem febre. E o que aconteceu com a Central de Marcações? Ela não marcou. Sete ou oito dias depois esse homem procurou a emergência e teve a sua perna amputada. Dizem-me os inteligentes do Executivo: “O senhor não pode pautar um único caso pelo o que está acontecendo com todo o mundo.” Como não? Uma vida é importante; uma perna é muito importante. Esse homem não quer depor na Comissão de Saúde, porque ele está deprimido, está com depressão. Ele está deprimido, Ver. João Antonio Dib! Então, gente da minha Câmara, meus Vereadores queridos, o que nós vamos fazer? Temos que, no mínimo, trazer o Secretário para uma reunião pequena, porque, em reunião grande, ele não vem ou vem de outra maneira. Temos de perguntar: como vamos fazer para salvar gente de Porto Alegre? Será que o Dr. Goulart vai ficar gritando até que lhe dê uma coisa, e ele também não possa ser atendido pela Central de Marcações? E aí vocês perderão a voz de quem clama pelos que sofrem, de quem clama por quem sente dor, por quem tem as pernas amputadas, por quem está apodrecendo.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RAUL CARRION: Exm.º Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, nós queríamos chamar a atenção de que o dia 1.º de junho, que foi ontem, é o dia dedicado à Imprensa. Há cento e noventa e cinco anos, no dia 1.º de junho de 1808, Ver. João Antonio Dib, circulou no Brasil o primeiro jornal feito por um brasileiro, o Correio Braziliense, produzido por Hipólito José da Costa.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Por Lei foi alterado o Dia da Imprensa, que, parece, passou a ser no dia 10 de setembro, só queria dizer a V. Ex.ª. Foi comemorado, antes, nessa data.

 

O SR. RAUL CARRION: Consta-me 1.º de junho de 1808. É anterior à Gazeta, órgão do Império ainda, quando veio D. João VI, que editava os éditos do poder. Hipólito José da Costa, gaúcho nascido na Colônia do Sacramento, fez seus estudos em Porto Alegre e concluiu a universidade em Portugal, foi preso em Portugal por ser maçom e lutar pela independência do Brasil, conseguiu escapar para a Inglaterra e lá, em 1808, em 1.º de junho, fez surgir o primeiro jornal escrito por brasileiros, jornal que concluiu a sua caminhada em 1822, com a independência do Brasil. Lembro ainda que a data do 1.º de junho foi por Projeto de Lei aprovado na Câmara Federal e no Senado, uma iniciativa da ARI, sendo que, anteriormente - estava certo o Ver. João Antonio Dib -, era 10 de setembro. Então, hoje a data da Imprensa é o 1.º de junho, homenageando esse grande lutador brasileiro e gaúcho da Colônia de Sacramento, quando ainda território brasileiro.

O segundo tema, sobre o qual queríamos trazer algumas reflexões, trata dos cento e cinqüenta dias do Governo Lula. Em primeiro lugar, é preciso que tenhamos claro que a eleição de Lula tem um enorme significado histórico para o nosso povo, porque, pela primeira vez, em quinhentos e dois anos de Brasil, o povo colocou na direção máxima do País, um operário, um trabalhador, colocou um Governo de esquerda. Mas não foi uma vitória do Lula, não foi uma vitória do PT, não foi uma vitória da esquerda; na verdade, nós temos de entender esse acontecimento como uma vitória histórica da luta do povo brasileiro, em mais de um século de luta da República que acumulou organização, acumulou consciência, acumulou mobilização para permitir a conquista da Presidência da República. Mas não foi o poder, Ver. Elói Guimarães; foi conquistado o Governo, não o poder. Por si só, essa vitória, ainda que muitos não queiram ver, significou grandes mudanças no nosso País.

No campo internacional, significou a afirmação da soberania nacional, alçou o Brasil à situação de líder inconteste da América Latina e dos países ao sul do Equador, e de uma luta por um mundo de paz e de mais eqüidade. A posição do Brasil, do Governo Lula, perante a agressão ao Iraque, Ver. Pedro Américo Leal, foi uma atitude soberana e vertical do povo brasileiro; a postura do Brasil, diante das atividades golpistas da Venezuela foi uma atitude sem a qual, dificilmente, poderíamos ainda pensar na existência do Governo de Hugo Chávez. Há ainda o resultado da eleição no Equador, com a vitória de Lúcio Gutierrez; da Argentina, de Kirchner; do Uruguai, com a possibilidade da Frente Ampla, e da Bolívia, com a quase vitória de Evo Morales, ...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo encerrado, nobre Vereador.

 

O SR. RAUL CARRION: Peço tempo de Liderança, pela importância da matéria.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: ...o fortalecimento do MERCOSUL e da integração latino-americana; a nova postura do Brasil frente à ALCA, pela qual só quem é cego não percebe que o Brasil se movimenta para uma grande articulação na América, uma articulação com a China, com a Índia, com os países africanos, para “colocar a ALCA no armário de espera”. Há ainda a retirada do acordo com a base de Alcântara, que entregava território Nacional para uma base militar norte-americana; a defesa da soberania da Amazônia – pensemos, se seguisse o neoliberalismo neste País, o que seria da Amazônia, o que seria da biodiversidade brasileira? -; a suspensão e o bloqueio do desmantelamento do Estado Nacional e das privatizações. Todos nós, Ver. Leal, nos preocupávamos com o futuro da PETROBRÁS. Verdade ou não, a vitória de Lula e da esquerda significou que a PETROBRÁS continuará brasileira e será um instrumento de afirmação do Estado Nacional e da soberania. Sobre a entrega, que estava prevista, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, dos Correios, não aconteceu. E a entrega das águas, Ver. Dib? V. Ex.ª, nesta Casa, através de uma Moção que aprovamos por unanimidade, nos levou a ganhar um tempo para que vencesse o povo, e essa ameaça fosse retirada do horizonte do nosso Brasil.

Há ainda um programa, como o Programa Fome Zero, ainda que concordemos que a solução não é “dar o peixe, mas ensinar a pescar”, que a solução é a criação de milhões de empregos. Mas é uma sinalização, Ver. Sebenelo, de que o social passa a ser referência básica do novo Governo Federal.

Ao contrário do que diziam as elites e as forças neoliberais, o País não quebrou, o dólar não disparou, a inflação não explodiu, o risco-Brasil não aumentou. Aliás, o Brasil estava era quebrando, Ver.ª Maristela Maffei. Os últimos meses de neoliberalismo levaram o Brasil a três mil pontos de risco-Brasil, levaram o dólar a 4 reais, levaram a inflação a valores de dois dígitos na projeção. Mas este Governo, evidentemente, herdou um passado, uma herança maldita, que não pode da noite para o dia modificar alguns dados, aliás, de herança maldita de quinhentos e dois anos de domínio conservador, de domínio retrógrado, e de doze anos de neoliberalismo, que destruiu a Nação brasileira; herdou um passivo externo de 400 bilhões de dólares, 1,2 trilhões de reais, a um custo anual de 150 bilhões de reais, só de serviço desse passivo externo. Herdou uma dívida pública, que, ao início do Governo Fernando Henrique, era de 60 bilhões de reais, e que, em 31 de dezembro, chegou a 893 bilhões de reais, a um custo previsto para este ano de 300 bilhões de reais, Ver. Goulart, só de juros e pagamento de amortização. Herdou reservas líquidas de moedas fortes que baixaram ao patamar de 13 bilhões. É esta herança maldita que não se pode esperar que, em quatro meses, o Governo Lula solucione. Mas não só isso, há uma correlação política de forças em que a maioria dos Governos do Estado está ainda na mão das forças não de esquerda, também a maioria do Parlamento, o Congresso Nacional, seja na Câmara Federal, seja no Senado, está nas mãos de forças não de esquerda; a maioria das Prefeituras, a maioria das Câmaras, a maioria das Assembléias. Então, não há só uma herança maldita, mas uma correlação de forças políticas desfavoráveis. Há ainda uma situação internacional desfavorável, de recessão sincronizada, na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia.

É dentro desse quadro que nós temos que compreender e situar o Governo Lula, que, certamente, retomará o desenvolvimento deste País, porque esse é o brado, essa é a unanimidade que em todo o Brasil cresce, pela redução dos juros e pela retomada do desenvolvimento.

Concluo, e retomarei esse tema, porque é impossível tratá-lo em tão pouco tempo. Agradeço a paciência do nosso Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O nobre Ver. Sebastião Melo solicitada a juntada de um documento: trata-se de ofício sobre...

 

(Manifestações paralelas no Plenário.)

 

Eu solicitaria a atenção do Plenário. (Pausa.) Se o Plenário me permitir, eu comunicarei a solicitação do Ver. Sebastião Melo. (Pausa.) Muito obrigado, Ver. João Bosco Vaz.

O Ver. Sebastião Melo solicita, por Requerimento, a juntada do Ofício sobre o PI por ele formulado, de n.º 067/03. Ele está solicitando que seja juntado um Ofício pelo qual ele faz ponderações em torno das respostas do Executivo Municipal.

Eu também gostaria de convidar todos os Srs. Vereadores e até familiares, para amanhã, às 10h da manhã, aqui, na estátua do Dr. José Loureiro da Silva - o maior Prefeito que esta Cidade teve -, para prestarmos uma homenagem pelo 39.º aniversário do seu falecimento.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e também as pessoas que nos assistem pela TVCÂMARA, saúdo todos.

Primeiramente, quero agradecer a minha Bancada, na pessoa do nosso Líder, Ver. Isaac Ainhorn, por me conceder o tempo de Comunicação de Líder.

Eu quero seguir na linha do Ver. Dr. Goulart, grande médico, grande profissional da Saúde, área mais carente do nosso povo. Vereador, hoje pela manhã, recebi diversas reclamações sobre marcação de consulta no postão. As pessoas foram de madrugada e lá pelas 10h da manhã chegou uma funcionária e disse: “Olha, a marcação de consulta para dentista é só de tarde.” Um cidadão indagou: “Como, se nós telefonamos para cá, eu telefonei, e não me disseram que seria só de tarde?” As pessoas se revoltaram, pois ligam para se informar e as informações não são corretas. Um cidadão daqueles indagou para o segurança por que faziam aquilo com aquele povo tão sofredor; sabem o que ele disse? “Olha, se vocês acham que o atendimento está ruim, façam um concurso público, passem e venham aqui atender a população.” Olha, é uma barbárie! Ver. José Valdir, mas o que vamos fazer?

Ver. Pedro Américo Leal, nesta madrugada, meia hora da madrugada: mais uma vítima. Um Sargento da Brigada, na porta da minha casa! E parece que não foi só esse, mas mais um que andava de bicicleta que foi brutalmente assassinado. Na porta da minha casa, o cidadão foi assaltado e foi morto. Na porta da minha casa!

O primeiro que abriu a porta, chegou ao lado de sua esposa, fui eu. Aquele cidadão penando, penando, penando... Ligamos para a Brigada, que chegou rapidamente. Aí ligamos para a SAMU, os minutos se passaram, e foi indo, a Brigada ligando, implorando, porque tinha um homem penando porque recebeu, parece, três tiros: dois na barriga e um de misericórdia, na cabeça. Chegaram os familiares, aquele desespero e a ambulância nunca chega, nunca chega... Porque, parece, eu não sei se há uma determinação de que quando há um acidente de trânsito, uma vítima desse nível, parece que não é permitido socorro! Não sei como é que funciona esse tipo de coisa. Depois de tanto implorar, os filhos daquele homem penando, deitado no meio da rua, aí a Brigada resolveu: “Bem, vamos levá-lo então.” Porque o desespero da família era muito grande, não só da família, nós, vizinhos, ali. E a Brigada o colocou no veículo. Mas socorro talvez não tivesse, porque ele recebeu três tiros, um na cabeça. Acho que os familiares, a sua companheira, não mereciam assistir a pessoa penando. Meia hora e a SAMU não veio.

Eu liguei hoje pela manhã para o 192. Vou preservar, não vou falar o nome da menina, mas sabe o que ela me informou, Vereador Dr. Goulart? “Tem cinco ambulâncias para atender a Cidade.” Eu perguntei quanto tempo levava, porque se existe a ambulância é para atender rápido. Ela respondeu: “Olha, tem oito ambulâncias que estão estragadas.” Oito não funcionam, oito! Mas que Saúde é essa, minha gente? Que Saúde é essa! Será que esse povo merece tanto sofrimento? Oito ambulâncias estragadas e cinco funcionando, Ver. Zé Valdir. Eu vejo que V. Ex.ª me olha com tristeza, mas não é para menos, não é para menos!

Portanto, meu caro Presidente, encerro, mais um dia, lamentando. E que Deus proteja mais essa família, que esse filho tenha pelo menos um conforto, o conforto dos amigos, nosso, no nosso Bairro. Obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, primeiramente eu quero informar às pessoas que nos acompanham pelo Canal 16, a todos os porto-alegrenses, de uma maneira geral, que, quando me ausento desta Casa para cuidar da minha outra profissão, que é ser locutor esportivo, eu não recebo os meus vencimentos como Vereador de Porto Alegre, ao contrário do que muitos aqui na Casa procuram espalhar junto à sociedade de Porto Alegre, o que eu acho lamentável, eu acho que cada um deveria cuidar da sua vida. No entanto, eu não estou fazendo nada de errado em deixar o País, em ir a São Paulo ou ao Rio, nos fins de semana, quando não tenho trabalho aqui. Quando me ausento do País, como na semana passada mesmo, assume o Ver. Juvenal Ferreira, um dos Suplentes do Partido Trabalhista Brasileiro. Eu gostaria que esse negócio acabasse de uma vez por todas, para que pudéssemos ter uma convivência um pouquinho mais amistosa.

Eu estive na cidade de Medelim, junto com o Grêmio; lá, pude constatar um metrô moderno, funcionando perfeitamente, um metrô novo, que é um sonho de todos nós também para Porto Alegre. A cidade de Medelim é menor que Porto Alegre e tem um metrô excepcional; mas a Cidade também tem inundações. No dia do jogo do Grêmio contra o Deportivo, eu levei quarenta minutos do hotel até o estádio, porque caiu uma bomba d’água, inundando todas as ruas da cidade de Medelim. Com isso eu não estou justificando que, como temos inundações lá, podemos ter aqui, é apenas uma ilustração.

Eu participei de uma programação de rádio e de tevê na cidade de Medelim, e a insistência dos colombianos era a respeito do Presidente Lula e a carta que ele teria assinado em apoio à FARC. A FARC é uma organização terrorista, sim, não é uma organização que defende ideologicamente a busca do poder na Colômbia, não é não, é terrorismo puro! O Presidente Lula, na sua campanha, teria assinado uma carta de apoio incondicional à FARC. Eu não acredito que o Lula vá apoiar terrorista, porque, como ele vai negociar a ALCA com o Bush? Os senhores não tenham dúvidas que não se fala mais em Fundo Monetário Internacional. O Ver. Raul Carrion vem a este Plenário e nunca mais falou em Fundo Monetário Internacional, com o FMI, agora, está tudo bem, é um dispositivo econômico mundial que o Lula precisa, que o Brasil precisa, que agora está de acordo com as posições neoliberais do Presidente Lula. E não vamos estranhar que dentro de um mês e meio ou dois meses, pelos insistentes encontros que estão ocorrendo entre o Lula e o Fundo Monetário Internacional, que a ALCA também já não esteja sendo costurada.

Quero deixar registrada aqui essa tristeza dos colombianos, essa reclamação do povo da Colômbia, em função do posicionamento do Presidente Lula.

Como é bom falarmos em um Plenário onde as pessoas estão quietas, onde as pessoas, se não acompanham, deveriam ir ao banheiro, com certeza! Se ninguém quer acompanhar, quando se está no Plenário, vá para o banheiro fazer um “pipi”, vai telefonar para a mãe, para a avó; essa falta de respeito que existe no Plenário aqui em Porto Alegre é lamentável! Não sei por que as coisas são assim. Não é porque eu estou falando, querem ouvir, ouçam. De qualquer maneira, se não quiserem, os porto-alegrenses nos acompanham pelo Canal 16.

Agora, não gosto de falar as coisas que não são de Porto Alegre, mas estranha-me muito que o Presidente da República, o Lula, estabeleça o Fome Zero, mas está pagando ou pagou, não sei se está voltando, Ver. Pedro Américo Leal, uma diária de 8 mil e 200 reais/dia, em um hotel da Europa. Oito mil e duzentos reais de diária pagou o Presidente para se hospedar na Europa! Não tenho nada a ver com isso, mas quem sabe ele direcionava esse dinheiro para a sua campanha Fome Zero. Isso é lamentável! As posições que eram tomadas anteriormente pelo Partido dos Trabalhadores agora não existem mais, agora as posições que eram de Fernando Henrique Cardoso foram adotadas pelo Presidente Lula e o barco está seguindo; é profundamente lamentável que as coisas sejam assim! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Tempo de Presidente.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu acho que o Ver. Haroldo de Souza fez uma solicitação que não foi atendida.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Há um Vereador na tribuna, eu solicitaria aos Srs. Vereadores que tomassem as suas bancadas.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Hoje, pela manhã, o Sr. Secretário do Planejamento, Carlos Vieira, esteve no gabinete da Presidência transmitindo um convite, que eu, neste momento, estou transmitindo à Casa, para a 1.ª Conferência Municipal do Plano Diretor. Como os Srs. Vereadores podem ver, a Secretaria do Planejamento dividiu suas equipes em cinco diferentes grupos de trabalho. O primeiro vai estudar projetos especiais e estudos de impacto de vizinhança; o segundo, estruturação urbana e programa viário; o terceiro, monitoramento do plano regulador; o quarto, compatibilização do Plano Diretor com o Estatuto da Cidade e o quinto, paisagem urbana, áreas especiais de interesse cultural e alturas. Provavelmente, este é o que mais interessa à população porto-alegrenses. Esses seminários se desenvolverão a partir de 28 de junho, quando o primeiro grupo vai trazer as parciais do seu trabalho. Dia 5 de julho, o segundo e o terceiro grupo também apresentarão as parciais. No dia 12 de julho será o primeiro seminário de divulgação dos resultados parciais dos grupos de trabalho 1 e 4. E, no dia 28 de julho, haverá o recebimento final de propostas que, segundo ele, serão encaminhadas ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, que vai coordenar o Seminário. No dia 16 de agosto será o segundo seminário dos grupos 1, 2, 3, 4 e 5 para elaboração das resoluções finais. No dia 6 de setembro haverá a conferência municipal do Plano Diretor. E, a partir daí, segundo entende este Vereador, e os Vereadores receberam cópias, é que virão à Casa as alterações em razão da avaliação feita pelo Executivo, mas isso, evidentemente, não impede que a Casa também faça suas avaliações, que a Casa também receba as solicitações das entidades, das comunidades e até de pessoas físicas, se for o caso.

Então, queria dar conhecimento à Casa e quero que os Vereadores se preocupem, porque este é um assunto importante.

Lamentavelmente, pelo que aqui se lê, nós só teremos avaliações do Plano Diretor depois do dia 06 de setembro, quando estaremos envolvidos com o Orçamento, que o Prefeito já anuncia que será deficitário - eu tenho a certeza de que esta Casa não aprovará um Orçamento deficitário -, mas o Prefeito já anunciou assim.

Então, nós teremos sérios problemas pela frente quando vierem a esta Casa as primeiras definições do trabalho que a Prefeitura está fazendo, através de cinco diferentes grupos e através de seminários, que serão realizados de 28 de junho a 06 de setembro. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Ver. João Antonio Dib assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós temos, aqui na Casa, feito um debate em torno de diferentes questões e temos ouvido algumas opiniões acerca do rumo que o Governo Federal dá à política econômica brasileira. Se nós examinarmos sem parti pris, por assim dizer, e sem arroubos ideológicos e partidários, nós vamos concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores - desafio que fica aqui da tribuna -, que não se alterou nenhum ponto no projeto sustentado pelo Governo passado. Não se alterou em nada, absolutamente, a política econômica do Governo Federal. Absolutamente, nada! É intacto o projeto que se executa no País, a ponto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, do Fundo Monetário Internacional fazer rasgados elogios ao Presidente da República – o Presidente Lula. Atacava-se muito o Fundo Monetário Internacional – especificamente, a Bancada do PT e do PC do B -, e eu dizia, Ver. Isaac Ainhorn, que, ligeirinho, não se falaria mais no FMI nesta tribuna. Não se fala mais. Vou dizer, aqui, hoje, que daqui a um mês, um mês e meio, não se fala mais em ALCA. O que é que está acontecendo no Congresso Nacional? Vem-me à mente o slogan que se tinha contra o ex-Presidente José Sarney: “é dando que se recebe”. Essa última incorporação do PMDB a este Projeto de Reforma da Previdência, aliás, reforma esta que Fernando Henrique tentou encaminhar, e que era menos amarga aos trabalhadores, menos amarga aos trabalhadores, Ver. Isaac Ainhorn, a Reforma da Previdência Social, e não teve chance, sequer, de se processar no Congresso Nacional. O que é que eu quero dizer? É fácil administrar essa situação? Absolutamente, não. Eu não quero aqui cobrar determinados comportamentos. Agora, em uma coisa nós temos de estar de acordo: é que todo aquele discurso que o Partido dos Trabalhadores e, principalmente, o Presidente da República fazia, ele engoliu. É o que se diz hoje aí: o Fernando Henrique escreveu e jogou fora. A mesma coisa com o Presidente Lula. O que ele disse, ele jogou fora. E se assistíssemos, e assisti, representando a Casa, o discurso do ex-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral - eu até pedi a S. Ex.ª o seu discurso, porque eu quero transcrever nos Anais o que disse o ex-Presidente Barbosa Leal -, ouviríamos acerca dos conciliábulos que se está construindo neste País para se tratorar direitos e garantias individuais. O direito adquirido está na iminência de ser pisoteado, barbaramente, por um projeto encaminhado pelo Chefe do Executivo com a conivência de um leque de partidos políticos. Esta é a verdade, esta é toda a realidade.

Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, encerro dizendo que é “dando que se recebe”. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1.ª SESSÃO

 

PROC. 0967/03 – SUBSTITUTIVO N.º 01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que dá nova redação ao art. 36 da Lei Complementar n.º 170, de 31 de dezembro de 1987, alterada pela Lei Complementar  n.º 180, de 18 de agosto de 1988 e pela Lei Complementar n.º 250, de 11 de julho de 1991, e dá outras providências ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 004/03, de autoria do Ver. Luiz Braz.

 

PROC. 1729/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 060/03, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que denomina Largo Lanceiros Negros o equipamento público de circulação urbana, localizado na confluência da Av. Ipiranga com a Rua Dr. Salvador França, no Bairro Jardim Botânico

 

PROC. 1824/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 077/03, de autoria dos Vereadores Raul Carrion e Nereu D’Avila, que institui o Dia Municipal de Controle da Anemia Falciforme e dá outras providências.

 

PROC. 2406/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 108/03, de autoria do Ver. Raul Carrion, que determina a obrigatoriedade da colocação de obra de arte nos prédios urbanos com mais de 1.500m2.

 

PROC. 2516/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 049/03, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que concede o troféu Honra ao Mérito ao Senhor Marco Antônio Hochscheit.

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. 1691/03 - SUBSTITUTIVO N.º 01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que revoga a Lei n.º 7.675, de 13 de outubro de 1995, que trata da afixação pública dos preços das embalagens distribuídas gratuitamente pelos estabelecimentos comerciais, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 057/03, de autoria do Ver. Darci Campani.

 

PROC. 2341/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 106/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que dispõe sobre o Programa de Prevenção e Controle do Diabetes nas crianças e adolescentes matriculados nas creches e demais estabelecimentos da rede municipal de ensino.

 

PROC. 2400/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 047/03, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Poeta, ex-Desembargador e Senador José Paulo Bisol.

 

PROC. 2414/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 048/03, de autoria da Ver.ª Margarete Moraes, que concede o prêmio literário “Érico Veríssimo” ao Dramaturgo Ivo Bender.

 

PROC. 2415/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 109/03, de autoria da Ver.ª Margarete Moraes, que inclui, no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre, a data alusiva ao 1.º Fórum Social Mundial “Outro Mundo é Possível”.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, todos que nos assistem aqui e também em suas casas, queria tratar, na Pauta do dia de hoje, de três Projetos que estão em discussão. Dois deles são Projetos de minha autoria e o outro é o Projeto que denomina Largo Lanceiros Negros um logradouro, de autoria do Ver. Dr. Goulart.

Começaria tratando sobre o Projeto de minha autoria, o PLL n.º 108/03, que obriga, nas construções com área igual ou superior a 1.500m2, a colocação, em lugar de destaque e com visibilidade, de uma obra de arte original, executada em escultura, em pintura mural, relevo escultórico e outras formas de manifestação de artes plásticas sem caráter publicitário. Na verdade, já havíamos ingressado com este Projeto, no ano passado, e o limite era de mil metros quadrados, e era um Projeto de Lei Complementar.

Tendo em vista que houve uma opinião da Comissão de Constituição e Justiça, por meio de Parecer, de que esse limite poderia ser pequeno, a partir de ponderações da SMOV, e de que não necessitaria ser um Projeto de Lei Complementar, tendo em vista que há toda uma discussão de alteração do Código de Obras, nós, independente de podermos ter algumas divergências com esse Parecer, no seu arrazoado, entendemos que seria melhor refazer o Projeto. Por isso ingressamos com um novo, achamos que não caberia, já que estava bem no início da tramitação, como era um Substitutivo, conversamos com o próprio Secretário da SMOV e o transformamos num Projeto de Lei não-complementar, o que, inclusive, facilitará a sua tramitação na Casa e, certamente, a sua aprovação, e estipulamos os 1.500m2. Nos demais, o Projeto mantém-se o mesmo e, inclusive, a argumentação é a mesma. Por que este Projeto? Porque ele vai permitir que a cultura esteja colocada novamente nas obras arquitetônicas, vai incentivar isso, vai incentivar a proliferação das artes, o próprio mercado de trabalho para os artistas, pintores, escultores, assim por diante, e o seu custo – que pode ser a única objeção – é um custo, evidentemente, que se dilui totalmente numa obra, fosse de 1.000 m, mas, com mais razão ainda, numa obra de 1.500m2.

A exposição de motivos é bastante ampla, a opinião da Procuradoria da Casa é também no sentido de ser um Projeto sem qualquer vício, um Projeto favorável à Cidade e assim por diante.

Só relembrando, é algo que já existe em Paris, em Recife, em João Pessoa, e que Porto Alegre, uma Cidade cultural como esta, precisa ter.

O segundo Projeto é meu em conjunto com o Ver. Nereu D’Avila, que procura suprir uma velha reivindicação do Movimento Negro, da etnia negra, que é no sentido de encontrarmos caminhos para divulgar e criar condições de prevenção e de acompanhamento para as pessoas que sofrem da anemia falciforme – bem como combatê-la -, que é um tipo de anemia mais típica da etnia negra, ainda que atinja também pessoas brancas, principalmente da área do Mediterrâneo. Nós, então, estamos criando o Dia Municipal de Controle da Anemia Falciforme, dia 16 de agosto, por sugestão da Associação dos Portadores de Anemia Falciforme. Teremos outros dias de debate.

Nós chamamos a atenção para esses dois Projetos, e no outro dia também discutiremos o Projeto do Largo dos Lanceiros Negros. Temos também um Projeto próprio, desde o ano passado, para o espaço “Lanceiros Negros”, no Parque Farroupilha. Então agradecemos aos colegas pela atenção e esperamos o apoio para essas iniciativas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Morares está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, neste momento de discussão de Pauta, eu quero fazer a defesa de dois Projetos de minha autoria. O primeiro diz respeito à conferência do Prêmio Literário Érico Veríssimo ao nosso dramaturgo, gestor cultural, professor, artista e escritor Ivo Bender. E o segundo diz respeito a instituir no Calendário Oficial de Eventos de Porto Alegre, exatamente no dia 25 de janeiro, o título e a homenagem a “Outro Mundo é Possível”, uma referência óbvia ao Fórum Social Mundial nesse dia.

Como todos nós sabemos, quanto ao dramaturgo Ivo Bender, seu nome extrapola as fronteiras da nossa Cidade, as fronteiras do nosso Estado, porque também sabemos que é assim que acontece com aquelas criações que têm integridade artística, que são originais, que são singulares, elas têm a capacidade de suavizar fronteiras e de promover a aproximação entre os povos. A poética de uma cidade também é motivo de sua referência, de seu reconhecimento.

Queria falar, justificar essa homenagem ao Ivo Bender, primeiro no aspecto de que ele é uma personalidade, um criador, um professor que, em 1956, adotou a nossa Cidade para viver, adotou Porto Alegre, quando completou o Curso Clássico, no Colégio Júlio de Castilhos, e depois ingressou no Curso de Letras da UFRGS, em 1958. E, exatamente, em 1961, ele já estréia no teatro com o espetáculo “As Cartas Marcadas”. O Ivo Bender é um dramaturgo por excelência; um intelectual das artes e um grande conhecedor da mitologia grega, também sendo especialista em Sófocles e Bertolt Brecht. O seu trabalho se caracteriza pela sátira, pela ironia, passando do cômico ao trágico, e também articulando tempos distintos. Ele une a mitologia grega com a cena atual, com a cena contemporânea. Também nós poderíamos dizer que o trabalho do Ivo Bender se caracteriza pela literatura fantástica - não gosta de trabalhar muito exclusivamente com a realidade. Também justificamos essa homenagem ao dramaturgo Ivo Bender na sua figura como gestor, como administrador da cultura que desenvolveu atividades na divisão de cultura no Município de Porto Alegre, em 1971, e que, dez anos depois, em 1981, iniciou como professor no Departamento de Arte Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sendo formador de várias turmas para o teatro. Ivo Bender foi Conselheiro curador do “Porto Alegre em Cena”, na sua 8.ª edição, sendo, na gestão passada, Conselheiro da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul. Tenho certeza de que o Dramaturgo Ivo Bender homenageia e está absolutamente à altura do nome do nosso querido Érico Veríssimo.

E o segundo Projeto que eu tenho em Pauta seria a instituição, no Calendário Oficial de Porto Alegre, do dia 25 de janeiro como o dia de “Outro Mundo é Possível”. Evidente que é uma referência ao Fórum Social Mundial, pelo qual Porto Alegre é reconhecida internacionalmente, pelo seu povo, pelos seus artistas, pela gestão democrática da Administração Popular e pelos seus feitos. Nos últimos três anos a nossa Cidade tem abrigado o Fórum Social Mundial, um momento de efervescência cultural, Ver. Reginaldo Pujol, de debate democrático, de livre troca de experiências, onde um mosaico de culturas, de etnias e de identidades enriquecem, certamente, a nossa Cidade, sempre pensando em um mundo mais humano e mais solidário. Além dessa questão simbólica, existe a questão pragmática. Na última edição, a nossa Cidade recebeu em torno de cem mil pessoas, e isso favoreceu o fomento do comércio, do turismo na nossa Cidade, além de criar oportunidades de emprego e crescimento cultural do nosso Município. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, temos, na tarde de hoje, vários Projetos, entre os quais muitos que tratam da Saúde. Saúde, que hoje é culpada por tudo nessa Cidade. Há pouco, nós vimos o Ver. Ervino Besson culpar a Saúde pela morte que ocorreu em mais um episódio de violência na nossa Cidade. No tempo do Governador Olívio Dutra, quando a Polícia chegava depois que a morte acontecia: ai da Polícia! Ela era criticada juntamente com a Brigada, o Governo. Agora, quando ela chega depois, se culpa a Saúde. Culpa-se a SAMU, que não chegou para socorrer. Vejam, a lógica muda completamente aqui na Casa, conforme a conjuntura. No tempo do Governador Olívio Dutra, se a Polícia chegasse atrasada e a pessoa morresse: “pau” na Polícia! Era culpa do Governo. Agora se culpa a Saúde. Interessante como as coisas mudam. Esse é um pequeno exemplo do raciocínio que fez o Ver. Ervino Besson, que é o raciocínio geral que paira nesta Casa e também em alguns setores mal-intencionados da mídia. Alguns setores da mídia, não são todos. Há setores sérios.

Mas não é disso que eu quero falar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu queria falar sobre um Projeto, um importante Projeto, do Ver. Dr. Goulart, que denomina Largo Lanceiros Negros o equipamento público na confluência da Av. Ipiranga com a Rua Dr. Salvador França. Por que eu destaco esse Projeto? Porque, ao resgatar o episódio dos Lanceiros Negros, nós estaremos contribuindo para elucidar uma das tantas mentiras que existem e muito propagadas pela historiografia oficial a respeito da Revolução Farroupilha. Eu quero me cingir a duas dessas mentiras. Em primeiro lugar, ao caráter da Revolução Farroupilha, onde se explora o caráter libertário e se igualam todas as lideranças, inclusive se mistura até o Caxias no meio, soterrando-se as diferenças ideológicas que existiam entre os líderes da Revolução, onde, por exemplo, Bento Gonçalves era monarquista e estava ali por circunstâncias, por vicissitudes da história, e acabou sendo o Presidente da recém proclamada República Rio-Grandense. Homens como Canabarro. Reacionário, conservador, traidor, que nem merecia ser homenageado, junto com figuras como o General Neto e Garibaldi, estes sim, libertários, pessoas que tinham esse ímpeto revolucionário.

Aí já começa o primeiro embolamento, sem contar que a figura do Duque de Caxias, trabalha-se aqui a idéia do pacificador, quando, na verdade, o Duque de Caxias antes de vir para cá pacificar uma Revolução, que era uma Revolução de estancieiros, portanto, da classe dominante rural sul-rio-grandense, contra a classe dominante do resto do Brasil, porque era uma luta entre as elites, era uma luta...

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Cláudio Sebenelo.)

 

Vá estudar um pouco História, Vereador. Isso está em qualquer livro de História e todos os historiadores hoje têm essa tese: na luta da Revolução Farroupilha estavam em jogo os interesses da classe dominante local contra o resto da classe dominante brasileira. Tanto que o Duque de Caxias, nas revoluções regenciais, por exemplo, na Cabanagem, no Pará, que eram libertos sem terras, as lideranças, ele matou todos! Ele liquidou praticamente com a metade da população do Pará, e aqui posou de pacificador, de negociador.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou fazer um aparte bem rápido. Quero dizer que nós também temos um Projeto que é do Espaço Lanceiros Negros no Parque Farroupilha e um Monumento, que não conflita com o Projeto do Ver. Dr. Goulart, que nós apoiaremos também. Queremos lembrar que é um tema muito controverso, nós fizemos um largo trabalho histórico na exposição de motivos, mas queremos lembrar que inclusive lideranças importantes dos Farrapos eram mulatos, como Mariano de Mattos e Domingos José Almeida, e que havia realmente uma controvérsia entre os Farroupilhas, mas chegou a ser apresentado na Constituinte um projeto de libertação dos escravos. E nós resgatamos isso, e foi com a oposição de Canabarro, com a oposição de Vicente da Fontoura, que era outro conservador, que os Farrapos não puderam chegar a esse passo tão importante, mas a participação do negro na Revolução Farroupilha é extremamente importante. E os Lanceiros Negros escreveram páginas de heroísmo. Agradeço o aparte.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Justamente, Vereador. Outro ponto que a historiografia oficial pretende soterrar é a participação importante dos escravos e a traição que fizeram com os escravos, para não garantir aquilo a que tinham se comprometido na hora da assinatura do Acordo do Ponche Verde, onde liquidaram com todos os escravos na traição de Porongos, e o que restou mandaram para serem escravos do Exército Brasileiro no Rio de Janeiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em 1.ª Sessão de Pauta, um Projeto do Ver. Raul Carrion, que determina a obrigatoriedade da colocação de obra de arte nos prédios urbanos com mais de 1.500m2 de área construída. Em princípio, tem méritos o Projeto que será proporcional a um fortalecimento das artes em Porto Alegre, mas obrigar que cada prédio, cada área construída, até uma fábrica de 1.500m2, tenha uma obra de arte, eu acho que é impropriedade. O que acontece com as construções em Porto Alegre? Para aprovar um projeto, um ano, dois anos para aprovar um projeto de construção. Para aprovar um habite-se, um ano, dois anos, três anos - eu tenho casos de três anos para aprovar um habite-se em Porto Alegre. Então, estamos criando mais um problema para aprovar o projeto, mais um problema para conceder o habite-se. E aí nós vamos na burocracia: será que é obra de arte? O que se considera obra de arte? Ah, mas o currículo do artista tem de ser nacional, tem de ser do Município ou tem de ser internacional? Mais problemas para as obras de Porto Alegre, para os investidores.

Hoje pela manhã, o Sr. Secretário reclamava que o ICMS em Porto Alegre tem diminuído. Eu pedi a palavra, mas não me foi concedida. Porque Porto Alegre não investe em desenvolvimento, não atrai investimentos; pelo contrário, Ver. Aldacir Oliboni, cada empresa, um shopping que queira se instalar, a Prefeitura pede que construa ponte, que faça iluminação, que faça o asfalto, que abra rua, ou seja, ainda “morde” o investidor. É uma pena, é uma pena que isso aconteça.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, eu quero, em primeiro lugar, cumprimentá-lo e dizer que o nosso Projeto está aberto para Emendas. V. Ex.ª acha que fábricas não devem ter, presídios não devem ter obras de arte? V. Ex.ª proponha Emendas, vamos discutir. Eu acho, porém, que a arte, o estético é uma responsabilidade de qualquer construtor. Qual é o problema em que, numa fábrica, tenha uma obra de arte?

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: O problema, Vereador...

 

O Sr. Raul Carrion: Então, no mais, estamos abertos para Emendas de V. Ex.ª. O importante é salvar a parte essencial do Projeto, que é fazer com que novamente arquitetura e arte caminhem juntas, como, desde o início da humanidade aconteceu. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: O problema é a obrigatoriedade. Coloca arte quem quer, quem quer pagar. Tudo bem, há uma liberdade. Eu defendo a liberdade, mas não a obrigatoriedade do “tem de botar uma obra de arte”! Olha, se o País fosse desenvolvido, se estivesse “nadando em dinheiro”, tudo bem, mas, aqui, até em obra popular, até em condomínio tem de colocar. Eu lamento, mas, já de antemão, sou contra este Projeto.

Mas o ilustre Ver. Zé Valdir, na última Sessão, criticou-me, porque eu dizia que o Projeto do Ver. Juarez Pinheiro homenageava o cidadão emérito José Paulo Bisol somente em parte. Ele só homenageia o poeta, o ex-Desembargador e o Senador. Então, Ver. Juarez Pinheiro, com a sua aquiescência, eu gostaria de colocar uma Emenda que colocasse que quer seja concedido o Título de Cidadão Emérito a José Paulo Bisol, e não ao poeta, ao Desembargador e ao Senador, e não ao Juiz, não ao cidadão, não ao pai...

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, com muita serenidade, eu quero dizer que considero a postura de V. Ex.ª em relação à nossa proposta uma postura rebaixada e desqualificada, e mais: V. Ex.ª deve trocar de óculos, porque, se ler a justificativa, vai verificar que consta ali que foi ex-Secretário da Segurança.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Vereador, eu lamento que V. Ex.ª tenha-me ofendido, ainda que eu, com toda a educação, tenha dado um aparte a V. Ex.ª. V. Ex.ª fez um Projeto equivocado, mal-redigido, e eu vou colocar duas Emendas para corrigir a sua redação que foi imprópria. Eu lamento, mas é isso mesmo.

Lamento também que o Ver. Zé Valdir venha aqui dar uma de revisor da história. A história agora é conforme ele quer, e não conforme historiadores. É uma pena que haja essa revisão.

V. Ex.ª, Ver. Juarez Pinheiro, foi tão deselegante, que eu vou apresentar duas emendas para corrigir a redação do seu Projeto que está equivocado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, a discussão acalorada do Plenário estimula-me a vir à tribuna e, com certeza, não me perturba, porque é o movimento normal do nosso Plenário. Que bom que tenhamos bons debates acalorados aqui também.

O Projeto que me trouxe para a discussão é de autoria do Ver. Raul Carrion e do Ver. Nereu D’Avila que institui o Dia Municipal de Controle da Anemia Falciforme no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Um Projeto que traz uma discussão muito importante, tanto quanto o Projeto do Ver. Haroldo de Souza, a respeito do qual, na semana passada, eu fazia um comentário, sobre uma questão, uma doença até certo ponto desconhecida, assim como a referência do outro Projeto do Ver. Haroldo de Souza, que falava sobre a questão da Diabetes no Município de Porto Alegre, este Projeto traz uma discussão importante. Ele vai instituir no Município de Porto Alegre um dia em que se possa estar falando, discutindo sobre essa doença, que nem todos nós conhecemos. Nós estávamos conversando justamente na Mesa, que doença é essa? O que traz esta discussão?

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Em primeiro lugar, agradecemos pelo apoio que V. Ex.ª está dando ao Projeto, que é importante, mas, como já dizia, essa doença vem da África e, inclusive, foi uma mutação genética, porque ela protege em relação à malária. Há uma mudança dos glóbulos vermelhos que passam a apresentar uma forma de foice, daí vem "falciforme”, e passam a ter dificuldades de atravessar os vasos sangüíneos e, portanto, a fazer todo o processo da respiração. É uma doença que não tem cura, mas é possível preveni-la, é possível haver um acompanhamento, e inclusive na questão da hereditariedade, a sua transmissão. Porque há diferença entre ter traços de Anemia Falciforme e ter a doença. Então, duas pessoas que tenham traços da doença, se casarem e procriarem, podem gerar uma pessoa com a doença. Então, há uma série de mecanismos importantes. Será um dia, mas haverá uma semana de divulgação, palestras, debates, e, com isso, nós conseguiremos enfrentar um problema que atinge principalmente a etnia negra. E deve haver um acompanhamento medicinal, portanto, pontual, no sentido de prevenir essa questão. Então, é muito importante o vosso apoio nessa questão. Agradecemos.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Certamente, Ver. Raul Carrion, é uma discussão importante que se traz. E aqui eu quero fazer uma referência à exposição de motivos, que, tão brilhantemente, V. Ex.ª colocou. Que diz exatamente isso, o aconselhamento genético tem como objetivo permitir aos indivíduos a tomada de decisões consciente e equilibrada a respeito da procriação - exatamente aquilo que o Ver. Raul Carrion estava falando. Isso envolve também uma discussão, por exemplo, dos recursos terapêuticos disponíveis para a doença, a possibilidade do diagnóstico precoce e a prevenção de complicações graves na adoção de filhos, o uso de métodos anticoncepcionais. Então, o quanto é importante para nós, cidadão e cidadã de Porto Alegre, poder entender o que é essa doença, o que significa ter essa doença e como prevenir e como tratá-la. No Brasil, estima-se que três, de cada cem pessoas, são portadoras do traço da Anemia Falciforme. E um, em cada quinhentos negros brasileiros, nasce com uma forma da doença. Então, esta discussão, nós precisamos enfrentar aqui na cidade de Porto Alegre. E o Projeto faz uma referência, o Ver. Raul Carrion também colocava, de certa forma, à necessidade das campanhas institucionais, da parceria com as entidades para a divulgação dessa doença.

 

O Sr. Wilton Araújo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) É um assunto bastante importante para a cidade de Porto Alegre. E vejo como uma iniciativa muito boa, muito eficaz para a discussão. E lembro que poderia também o Município, a exemplo do Estado, dar um apoio significativo, como fez o Estado, disponibilizando espaço para que a Associação de Portadores da Anemia Falciforme tenha o seu espaço lá no Centro Vida. Eu acho que o Município poderia, de alguma forma, também colaborar para a divulgação dessa doença entre os nossos concidadãos. É isso, então.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Com certeza, Ver. Wilton Araújo. E o Projeto traz exatamente essa discussão e estabelece a data de 16 de agosto para que realmente se efetive no calendário da cidade de Porto Alegre como dia municipal de combate a essa doença, uma doença com relação a qual, cada vez mais, precisamos estar informados, precisamos ser conhecedores, divulgando através de campanhas. Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Apenas para dizer que, na justificativa do meu Projeto de Lei, consta que José Paulo Bisol foi Secretário do Estado. Então, não era correta a informação do Vereador. Isso é uma questão importante.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Feito o registro.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Presidente, na semana passada, mais precisamente na segunda-feira, eu protocolei na Mesa um Pedido de Cedência do Executivo para esta Casa, lotado nos gabinetes dos Vereadores, fruto de uma polêmica que gira em torno do nosso gabinete, das negativas constantes e, até o presente momento, não recebi essa informação.

Faço um apelo a V. Ex.ª para que, no setor competente, eu possa receber essa informação.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu vou consultar a Diretoria-Geral para saber se tem ou não uma resposta a V. Ex.ª, e eu a transmitirei.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Requerimento): Sr. Presidente, solicito inversão da ordem dos trabalhos. Em primeiro lugar o PLL n.º 134/01, logo após o PLL n.º 153/02, PLL n.º 163/02, PLL n.º 011/03, PR n.º 010/03, PR n.º 012/03, PR n.º 027/03, PR n.º 031/03, PLL n.º 178/02, PLE n.º 020/01, PLL n.º 176/01, PLE n.º 037/01, PLL n.º 066/98, PLL n.º 048/01, PLL n.º 202/02 e PLL n.º 260/01. Depois seguimos a ordem normal.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que solicita a alteração de apreciação dos Projetos na Ordem do Dia. (Pausa.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu estou apenas me tranqüilizando quanto ao primeiro Projeto que vou votar, PLL n.º 134/01. É Rua Laci Osório, é isso? São de ruas os primeiros Projetos? (Pausa.) Correto, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que solicita a alteração de apreciação dos Projetos na Ordem do Dia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade. Com os cumprimentos da Mesa, porque realmente é assim que deve funcionar.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2159/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 134/01, de autoria do Ver. Raul Carrion, que denomina Rua Laci Osório um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Farrapos.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Wilton Araújo: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Haroldo de Souza: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 21-05-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLL n.º 134/01. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2585/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 153/02, de autoria do Ver. Carlos Pestana, que institui o Dia da Democracia Participativa. Com Emenda n.º 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela rejeição do Projeto e da Emenda n.º 01;

- da CECE. Relatora Ver.ª Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 12-05-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLL n.º 153/02. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto que vamos votar, em função do que estabelece o Regimento da Casa, forte no art. 81, ingressou na Casa em 31 de julho de 2002 e mereceu um parecer contrário da nossa parte, na Comissão de Constituição e Justiça. Eu gostaria de informar à Casa quais as razões que determinaram que tivéssemos essa posição contrária para não parecer que foi, tão somente, uma rejeição pura e simples à proposta do ilustre Ver. Carlos Pestana, que vem acompanhando o seu Projeto.

Eu disse no Parecer, aprovado pela totalidade da Comissão, já que todos os votos que ocorreram foram favoráveis, que o Parecer prévio da douta Procuradoria da Casa, na folha 04, informa (Lê.) “... não haver nenhum óbice de natureza jurídica que impeça a sua regular tramitação”. Disse mais: “Que é necessário, contudo, restabelecer e precisar algumas datas, especialmente aquela em que se pretende ver consagrada a democracia participativa. Se for pela cronologia, a democracia participativa teve o seu reconhecimento legal a partir da data da promulgação da vigente Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, que, no parágrafo único, do artigo 1.º, admitiu, em 03 de abril de 1990, a manifestação direta, regulamentada no capítulo VII, da soberania e da participação popular. Quando se outorgou a cidadania, inclusive o direito de apresentar Projeto de Lei. Ademais, o Município de Porto Alegre não possui, quanto saiba, um dia da democracia, e por isso não vejo mérito em propor um dia especial para uma parte apenas da democracia.” Esse Parecer foi aprovado, por unanimidade. O ilustre Ver. Carlos Pestana foi cientificado da decisão da Comissão de Constituição e Justiça, não se manifestou, e nessas condições a matéria continuou tramitando, até chegar à condição em que agora se encontra: em vias de votação.

Eu, coerentemente com a proposição que apresentei anteriormente, devo dizer, em reconhecimento ao autor, que a Emenda n.º 01, que foi protocolada, institui o dia 13 de setembro como Dia da Democracia Participativa, e não estabelece, Sr. Presidente, não fundamenta, não justifica senão por uma solicitação que foi feita por vários integrantes da Casa, que a data inicialmente proposta, 11 de setembro, pelas circunstâncias desagradáveis que envolvem esse dia, fosse substituída por outra. O Vereador, sem maiores justificativas, mas atendendo esse apelo, passou para o dia 13 de setembro. Nessas condições, fiz um relato, Vereador que vai honrar-me com um aparte, a matéria veio à votação no dia de hoje, com força no art. 81

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte (Assentimento do orador.) Parece-me, Ver. Reginaldo Pujol, que esta seria uma questão de mérito do Projeto, quanto à data, mas do ponto de vista jurídico, não me parece que haja nenhum problema. Caberia à CCJ opinar sobre o aspecto jurídico, da legalidade e da organicidade. Nesse sentido é que não consigo entender.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Veja bem, Vereador, o parecer lido não faz referência a esses problemas ocorridos nos Estados Unidos da América no dia 11 de setembro; nada apareceu.

 

O Sr. Raul Carrion: Se entendi então, com a data de 13 de setembro, há a concordância de V. Ex.ª?

 

O SR. REGINALDO PUJOL: V. Ex.ª não ouviu direito o que eu disse. Eu disse que dentro do calendário do Município teriam outras datas para serem oferecidas, além da data que se pretende que seja a do Dia da Democracia Participativa, e isso é matéria jurídica, sim, porque é o objeto da proposição. Se eu instituo um dia como dia da raça negra, não posso colocar esse dia como sendo de oposição. E se é questão de mérito, eu estou sustentando agora, não é posição jurídica, é questão de mérito.

Sr. Presidente, concluo dizendo que vou, com o maior respeito ao Vereador proponente, Ver. Carlos Pestana, acompanhar o meu voto na Comissão de Justiça, porque entendo que, se não temos o dia da democracia em geral, porque teríamos um dia da democracia específica? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, quero, primeiro, elogiar a personalidade e a coragem do brilhante Ver. Carlos Pestana, que faz um Projeto que, evidentemente, em suas razões apenas tece loas a seu Partido. Democracia é um termo amplo, genérico e democracia se faz, principalmente, através da existência dos Partidos.

Só estranho que o chamado Dia da Democracia Participativa veio de um Partido que, a uma votação democrática na Assembléia, respondeu com uma invasão da mesma, ao invés da inconformidade ser contestada no edifício ao lado, no Tribunal de Justiça, local onde também se faz a democracia. Eu estranho muito um partido que agora ameaça de expulsão os seus Parlamentares eleitos, porque dizem que vão votar contra as reformas propostas. Este partido não é democrático! Isso é autoritarismo!

“E vai melhorar o mundo e vai ser mais ético o País, porque nós estamos decretando. E revogam-se as disposições em contrário.” Agora o mundo vai ser melhor, porque o Lula assumiu o País? Que democracia é essa, quando antes já existiram pessoas de bem, pessoas de ética, pessoas competentes, que trouxeram este País até aqui? Agora, então se inventou a competência, a decência! Ora, este é o partido democrático que quer falar e que quer consagrar um dia para a democracia participativa, quando o discurso democrático participativo do Partido dos Trabalhadores vai fazer com que eles percam inclusive a hegemonia em Porto Alegre, porque há uma falência estatística do discurso, quando oferecem menos de 10% do Orçamento para ser votado. Há uma falência estatística do discurso, quando um número muito pequeno de pessoas na Cidade participa da votação deste Orçamento. Há uma falência do discurso, porque estatisticamente são cumpridas 20% a 30% das demandas do Orçamento Participativo. E mais do que isso: agora, com o anúncio do rombo de 75 milhões de reais pelo Sr. Prefeito, foi suspenso o atendimento das demandas do Orçamento Participativo dos anos 2000 e 2001.

Esta é a falência do discurso, este é o final de uma época, esta é a “fadiga dos metais”, este é o cansaço da população de Porto Alegre ao ouvir um discurso empulhador e mentiroso! E o que é pior: o Orçamento Participativo tem crédito apenas no exterior; aqui no Brasil, estão caindo, dia a dia, as alegações e os baluartes de um discurso, de uma proposta que seria democracia e seria participativa, porque a representação também é democracia, e tinham de ser incluídas, nas explicações e nas razões da proposta, as outras formas de participação direta da população, como os COREDEs, que foram esquecidos.

 

(Aparte anti-regimental.)

 

Só o Partido dos Trabalhadores faz democracia participativa? Não, o Estado também faz.

O Governador Alceu Collares instituiu os COREDEs. Agora, inclusive, tem uma proposta sem a contaminação ideológica, sem a manipulação da votação dos orçamentos, com título de eleitor, controlada pelo Tribunal Regional Eleitoral. Essa é a proposta nova que tem, e essa não está nas razões, não está nos motivos. Por isso, a Bancada do PSDB, lamentavelmente, contra, inclusive, a vontade afetiva e o respeito que tenho pelo Vereador Carlos Pestana, vai se posicionar contra o Projeto, porque isso é apenas mais uma forma de auto-elogio, nada mais do que isso!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exm.º Sr. Presidente e Srs. Vereadores... (Pausa.) Sr. Presidente, eu quero que V. Ex.ª me escute.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Srs. Vereadores, o nobre Ver. Pedro Américo Leal está na tribuna, e eu acho que ele merece a consideração de todos. Nós daremos toda a atenção.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Quero relembrar as palavras de um ex-Presidente e nosso colega, Ver. Airto Ferronato, que diria, ao olhar para este Projeto do ilustre Ver. Carlos Pestana: “Ora, vejam só!” Não é que surgiu finalmente um Projeto que tenta dar vida a este moribundo, o Orçamento Participativo, a este plano diabólico? Porque é um plano diabólico.

 

(Aparte anti-regimental.)

 

Deu certo, claro que deu certo, conseguiu iludir a população, parte da população. Nós reclamamos, mas a população parece que entretida, porque se sentia engajada no Orçamento do Município e também do Estado, se regozijava pensando que estava decidindo alguma coisa.

Eu até me lembro, quando garoto – faz muito tempo –, que havia uma mágica em que o indivíduo botava uma carta no bolso e dizia para um espectador: “Diga dois naipes.” O sujeito dizia dois naipes. Se fosse conveniente a ele ou não, se a carta no bolso era daquele naipe, ele dizia: “Bem, você escolheu dois, então ficaram dois. Eu quero que você, agora, sobre esses dois naipes continue a escolher cartas.” Até que ele conduzia - para eu não me perder aqui em exemplos que não têm nada a ver com a história - à carta que estava no bolso dele. Era muito fácil, porque ele ia eliminando. Quando o indivíduo pedia os naipes ou as cartas que estavam no bolso dele, ele ia eliminando até chegar à carta que ele detinha. É o Orçamento Participativo, é isto que é o Orçamento Participativo. O povo não decide coisa alguma, o povo é levado a concluir sobre a “carta” que os elementos que formam essa trama, seja do Governo do Estado ou do Município, desejam que ele escolha. Agora, vem o Ver. Carlos Pestana me fazer a sugestão de que eu faça, que eu institua o dia da de democracia participativa. Ora, vejam só!

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Aonde se chegou, meus senhores. É demais! Assim não dá! O Orçamento Participativo consagrado? Não, não é possível! Este plano diabólico do PT, que iludiu o povo e conseguiu fazer com que este PT resistisse quase 15 anos na Prefeitura, está para ir-se. No Estado, já se foi, mas, agora, está no Governo Federal, e é um temor!

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só uma interpretação psicológica disso. O Orçamento Participativo é a criação proveniente do complexo de culpa do Partido dos Trabalhadores por tamanho autoritarismo interno. A compensação disso seria, entre aspas, essa democracia chamada participativa, que não é nem democrática e muito menos participativa, porque existe uma contaminação ideológica, unilateral, e, principalmente, uma manipulação dos resultados.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sintetizando, V. Ex.ª diz que este Partido, o PT, vive de reuniões. Ele faz tantas reuniões que não tem tempo de decidir. São reuniões atrás de reuniões. O Presidente Lula já começou a série de reuniões mensais lá na Granja do Torto, e já se acidentaram cinco Ministros, já estão capengas e tal e coisa. Quer dizer ... Até o meu relógio saiu do pulso tamanha a gesticulação que eu faço, mas tem de ser feita todos os dias, porque é demais!

 

O Sr. Renato Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu dou se quiser, não é? V. Ex.ª espere. Dia da Democracia Participativa, vejam só! Ora, vejam só! Aonde é que nós chegamos? Consagrar o plano diabólico, que conseguiu iludir toda a população e que ainda continua iludindo?!

Eu vou lhe conceder o aparte, Vereador.

 

O Sr. Renato Guimarães: Ver. Pedro Américo, estimo-o muito, mas o que é que a democracia lhe fez que o senhor tem tanta dificuldade em aceitá-la? Eu lhe pergunto. É uma pergunta sincera de alguém que lhe gosta muito. O que é que a democracia lhe fez, que o senhor não consegue dialogar com ela?

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Faça a pergunta, tenha a coragem de fazer a pergunta. Eu sou pela democracia autoritária, democracia do regime militar, uma democracia que imponha regras, que cobre disciplina, porque esse povo está sendo assassinado nas ruas e ninguém faz nada. V. Ex.ªs vão-se atrever... Que se levante o primeiro Vereador. Levante-se o primeiro Vereador – caiu o microfone! - e diga que esta democracia que está aí é uma democracia balofa, uma democracia incompetente, uma democracia desprezível. Levante-se! Não há ninguém para se levantar!

 

(Aparte anti-regimental.)

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sente-se, sente-se, Ver. Renato Guimarães, porque V. Ex.ª está em pé desde o princípio.

Ver. Carlos Pestana, assim é demais! V. Ex.ª está fazendo uma graça com o Plenário, V. Ex.ª está fazendo um blefe, V. Ex.ª está fazendo uma piada, porque o Dia da Democracia Participativa é demais, Vereador, é demais, pois consagrar o abominável não é possível! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, quero saudar os porto-alegrenses que acompanham esta Sessão. Inicialmente, quero dizer aos Srs. Vereadores que me antecederam que houve uma confusão, um equívoco sobre o tema em discussão. O que nós estamos discutindo neste momento é uma proposta, um Projeto de Lei do Ver. Carlos Pestana, que visa instituir o Dia da Democracia Participativa no Município de Porto Alegre. É esta a proposta apresentada para esta Casa, e é sobre esta idéia que eu quero discutir.

Quero dizer para o Vereador que, evidentemente, sou favorável ao seu Projeto. Não poderia ser diferente, pois sou Vereadora do PPS, e temos discutido muito isso; inclusive o slogan do nosso Partido é: “Radicalismo democrático.”

Eu penso que o resgate de uma data específica, no Município de Porto Alegre, para homenagear a democracia participativa vai-se constituir num instrumento de aprimoramento do processo democrático da nossa Cidade.

Não entendo como é que alguém pode ser contra a democracia participativa prevista na Constituição Brasileira, prevista na Lei Orgânica do nosso Município!

Eu também queria lembrar que, do ponto de vista histórico, a primeira experiência mundialmente conhecida e citada de democracia participativa foi a experiência da democracia grega, citada tantas vezes nos discursos. Na América Hispânica, essa experiência de democracia participativa é do início do século XX. O Brasil tem aprimorado essa experiência, quer seja nos Parlamentos ou nas experiências de poder local.

Eu faço questão de retomar esta história, porque eu acho que os atos presentes da política são formados das ações, das iniciativas e da construção histórica dos processos que nos antecederam.

Eu acho que é importante nós lembrarmos que o Rio Grande do Sul teve, inclusive, a experiência pioneira, quando o então Prefeito Bernardo de Souza, ainda no período da ditadura, instituiu uma proposta de gestão participativa, aliás, hoje, sintetizada em um livro interessantíssimo do então Prefeito, hoje Deputado, que se intitula “Todo Poder Emana do Povo”.

Foi também no Brasil, ainda em 1977, que o Município de Lajes tomou a iniciativa de um Projeto de Gestão Participativa, que se tornou emblemático naquele momento político e que foi uma experiência que também trouxe para o Município de Lajes, em Santa Catarina, experiências de grande avanço, por exemplo, na área dos mutirões habitacionais.

Eu poderia ainda falar da experiência do então Prefeito Jarbas Vasconcelos, em Pernambuco, que teve um grande avanço naquele lugar, na área de uma política preventiva de saúde, como fruto da participação da população. Ou em paupérrimos Municípios do interior do Piauí ou paupérrimos Municípios do interior de Pernambuco, como é o caso do Município de Camaragibe, hoje, Município certificado como das principais gestões do Brasil.

Infelizmente, meu tempo se encerra e não poderei continuar esta argumentação.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris se inscreve e cede seu tempo a Ver.ª Clênia Maranhão para discutir o PLL n.º 153/02.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Agradeço ao Ver. Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT, pela cedência do tempo. Quero dizer que hoje há Municípios certificados como de gestões que avançaram em conquistas sociais, avançaram na construção de um processo de vinculação da democracia representativa e participativa.

Há uma ONG, cuja sede está em Brasília, que se chama “Gente”, que tem feito um acompanhamento da melhoria da qualidade de vida da população em vários Municípios brasileiros. Onde a população participa e identifica os problemas da comunidade, crescem as soluções. Em Porto Alegre seria muito importante retomarmos a experiência de democracia participativa instituída, ainda, na gestão do PDT, quando o então Prefeito Alceu Collares instituiu os conselhos populares nas regiões da Cidade. Essa concepção no Rio Grande avançou muito, inclusive, porque quando o então Governador Alceu Collares implantou os COREDES - experiência preservada até o atual Governo Germano Rigotto, que o está aprimorando através de discussões com a sociedade - era um instrumento de democratização da política pública.

Também é importante lembrar que a experiência brasileira pioneira de acoplar a idéia da democracia participativa à democracia representativa também aconteceu no Rio Grande do Sul, quando o Parlamento Estadual, na gestão do Deputado Paulo Odone, criou os fóruns democráticos onde os Deputados se deslocavam para o interior – experiência também preservada até hoje na Presidência de Vilson Covatti -, onde o próprio Parlamento, de uma forma direta, ausculta a população do interior do Estado.

Eu poderia citar muitos outros exemplos. Quero dizer que várias universidades têm colaborado com essa discussão. A UNB, por exemplo, coordenada pelo Professor Sotero, tem uma experiência que avança em tudo isso que já aconteceu aqui, na minha avaliação, em relação à participação da população em experiências, inclusive, hoje, já em andamento nos Municípios brasileiros. Então, as universidades, o Parlamento, os Executivos de nível estadual, municipal, aqui no Rio Grande do Sul temos uma legislação de consulta popular, onde a população vota direto no Orçamento. Acho que hoje está superada essa discussão da importância da participação popular nos destinos, nas definições das políticas públicas. Hoje o tema do debate é como você tem que construir novos instrumentos de participação da população para que a democracia representativa se fortaleça com esses instrumentos e realmente as decisões dos legisladores e dos governantes sejam pautadas na vontade da maioria da população. Acho que esse é o grande tema.

Outra faceta desse debate é como se contempla, dentro dessas instâncias participativas, a questão racial e de gênero para que se aprimore o processo de participação e representação democrática.

É mais do que tempo de se começar, realmente, a criar um dia de debate sobre a questão da democracia participativa como uma forma, inclusive, de fazer as críticas e os melhoramentos, as autocríticas das diversas experiências de democracia participativa, inclusive, a do Orçamento Participativo, que é a experiência mais divulgada e a mais longa feita aqui no Município de Porto Alegre, com muitos erros e muitos acertos. Mas esse dia vai-nos permitir fazer uma análise crítica, com novas sugestões e aprimoramentos. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, é importante pegarmos um Parlamento, uma Casa Legislativa que se firma no conceito, a pedra fundamental desta Casa, no meu entendimento, é a democracia, é a condição das pessoas estarem dialogando, conversando, construindo, de forma coletiva e não autoritária, o mundo, o projeto de vida de cada um e do coletivo. Exemplo disso é o Parlamento; a forma mais avançada de representação do todo é o Parlamento, o Poder Legislativo. Os outros poderes podem ter as suas facetas democráticas, mas no Parlamento está o conjunto das representações.

Portanto, eu acho muito estranha a manifestação do Ver. Pedro Américo Leal nesta tribuna, porque ela é contraditória com a existência desta Casa e, principalmente, quanto à existência da própria função do Vereador. Discutir a democracia, fazer a democracia, viver a democracia é essência deste espaço aqui. Portanto, votar na proposta do Ver. Carlos Pestana de criar um dia no Município, o Dia da Democracia, é o óbvio para esta Casa. Mas isso é um dos aspectos.

Já lhe dou um aparte, Ver. Pedro Américo Leal, porque lhe chamei para este debate, porque acho que é contraditória a sua posição de dizer que esse Projeto aqui é um Projeto das intenções do PT. Não, esse Projeto aqui é um Projeto que fundamenta a existência desta Casa, e, quando falamos em democracia, em participação, estamos falando do Poder Legislativo, que é a expressão maior da democracia nesta Cidade. Porque aqui, como eu disse antes, se conjugam todas as representações, todas as vontades do Município na disputa política.

A Ver.ª Clênia Maranhão trouxe um histórico, um conjunto de expressões positivas de como é que são as gestões públicas, também antes da ditadura militar, que construiu um momento na sociedade brasileira em que tentou enterrar a democracia. Mas o povo brasileiro resistiu e conseguiu renascer das cinzas da queima que a ditadura militar tentou fazer com a floresta da democracia. Das cinzas nós renascemos e construímos esta democracia forte. Antes mesmo da ditadura militar, nós tivemos momentos importantes nos chamados Conselhos de Base, lá da época do Presidente João Goulart, de um processo todo de construção nas bases, da participação do povo, a experiência de Pelotas, a experiência de Lages, de administradores que abriram para a população. O Orçamento Participativo, sem sombra de dúvidas, conjugou um conjunto de interesses e fez, internacionalmente, essa proposta ser conhecida. Mas o que nós estamos tratando de colocar aqui, Vereador, é que a cidade de Porto Alegre possa marcar, possa criar um símbolo forte de que é uma Cidade democrática.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria dizer que esse regime que V. Ex.ª alcunhou de ditadura, e que não foi ditadura, ergueu este País, em princípio.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Ver. Pedro Américo Leal, nós podemos ter outro momento para fazer esse debate, sobre o que significou a ditadura, o que significou o golpe. Acabaram, sim, com o direito democrático do cidadão brasileiro. Acabaram. Mas o importante é que lhe dei um aparte, e só quero encerrar.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Eu não tive o aparte...

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Nós vamos ter outros momentos para continuar.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Qual a democracia que V. Ex.ª tem no Orçamento Participativo, em que nenhum Vereador pode participar?

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Vereador, eu quero concluir a minha fala...

 

O Sr. Pedro Américo Leal: É uma ditadura o Orçamento Participativo...

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Vereador, eu quero concluir a minha fala de forma democrática, dizendo que é incoerência desta Casa se tiver um Vereador que votar contra este Projeto, porque esse não está tratando de colocar um divisor de água entre aqueles que defendem ou não o Orçamento Participativo, esse Projeto está dizendo que nós estamos criando um dia da democracia na cidade de Porto Alegre. E isso é bom para cada um desses Vereadores, e é bom para todos os cidadãos de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

A Mesa alerta que, vencido o tempo, o microfone será desligado.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o Projeto do Ver. Carlos Pestana que institui o Dia da Democracia Participativa, quando se olha assim, parece ser algo diferente, algo que poderia ser muito bom para Porto Alegre. Mas na exposição de motivos: “O Orçamento Participativo é um instrumento que possibilita a participação direta do cidadão, dando mais transparência à gestão pública. Nossa Cidade tem sido reconhecida...”, aquele velho palavreado que já conhecemos sobre o Orçamento Participativo. E instituíram o dia 11, mas aí se deram conta que 11 não rima com o PT, passaram para o dia 13, porque, no dia 11, aconteceram os atentados lá nos Estados Unidos, e passaram para o dia 13 para ter a conotação política do Orçamento Participativo com o número do PT. A Ver.ª Clênia Maranhão tem razão num ponto, Vereadora, eu quero que a Senhora entenda o seguinte: quando o Dep. Bernardo de Souza fez esse Projeto de Orçamento Participativo, ele tinha, realmente, uma conotação muito democrática, mas, com o tempo, isso veio se deteriorando. E nós, na Capital, como Vereadores, procuramos aqui sempre votar aquilo que existe na Casa. Orçamento Participativo não existe na Casa.

 

(Aparte anti-regimental da Ver.ª Clênia Maranhão.)

 

Não, mas é relacionado, Vereadora. Está aqui, dia 13. A exposição de motivos fala do Orçamento Participativo, e a Senhora explicou aqui que existe em Lages, existe em Pelotas, foi criado pelo Deputado, que, inclusive, hoje é de seu Partido, coincidentemente. Eu acho que tem méritos, mas, nesse caso aqui, a oposição tem que ser firme. Se nós não legalizamos, não passa pela Casa o Orçamento Participativo, por que nós vamos consolidar um dia relativo ao Orçamento Participativo? Não tem por que a Casa se manifestar favoravelmente à criação do dia 13, não dia 11, mas dia 13, que é o número do PT e que diz aqui (Lê.): “Institui dia 13 como Dia da Democracia Participativa, além de homenagear todos os homens e mulheres.” Ele pede que se faça uma reflexão. Eu gostaria de fazer, sinceramente, uma reflexão sobre o Orçamento Participativo, Ver. Pedro Américo Leal, na Capital, se está resolvendo mesmo, porque, recentemente, a Prefeitura disse que tem um déficit e que não está fazendo aquelas obras sugeridas pela população de Porto Alegre. Então, eu acho que a oposição tem que votar quando isso for regularizado na Casa. Se o Vereador não tem participação no Orçamento Participativo, como é que vai, agora, consolidar uma data que é relacionada com o Orçamento Participativo? Então, essa é a minha posição. A oposição tem que ser firme neste momento porque vai consolidar uma data, Ver. Pedro Américo Leal, que, de 11, passa para 13, para ter coincidência.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª tocou num ponto fundamental. Qual é a participação que o Vereador tem nesse Orçamento Participativo? Não podem entrar! Que democracia é essa? Não podem nem entrar!

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Eu peço que os Vereadores da oposição façam essa reflexão que pede o Ver. Carlos Pestana. Façam essa reflexão, se vale a pena nós consolidarmos uma coisa que não existe na Casa, que não está regulamentada pela Casa. Sr. Presidente, essa é a minha posição. Nós votarmos “não” para a legalização desse dia 13, não mais dia 11, pelo Orçamento Participativo, que é um engodo. Não vamos mais cair nesse engodo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse debate, às vezes parece surrealista, porque quem está assistindo à TV Câmara sabe e percebe que aqui está se anunciando a derrocada, o fim do Orçamento Participativo. E acabaram de participar de um processo, onde praticamente, em todas as plenárias, aumentou a participação. Por exemplo, na Zona Norte, no eixo da Baltazar, nós tivemos mais de mil pessoas participando e os cabos eleitorais de todos os partidos que estão aqui; eleitores de todos partidos que estão aqui saíram, inclusive, como delegados, como conselheiros nesse processo; votaram nesse processo. Então, é por isso que fazemos, às vezes, um debate surrealista aqui.

Outra coisa, o Orçamento Participativo é tão simples, pois na etapa que o Prefeito está preparando o Orçamento para a Casa, em vez de ele consultar os técnicos, consulta também S. Ex.ª, o povo. É tão simples, aliás, ele tem de fazer isso, porque está na Lei Orgânica que ele tem que fazer. Nós votamos a Lei Orgânica.

Então, esse debate, às vezes, é surrealista.

Agora, o que nós estamos discutindo aqui é o Dia da Participação Popular, da democracia participativa. Isso é muito mais amplo, porque esse é um processo popular, quem participa do movimento popular e comunitário vem há muitos anos barganhando para ter participação na elaboração da peça orçamentária que vem para a Câmara. E nós colocamos isso com o Governo do Olívio, o primeiro Governo da Administração Popular. Paralelo a isso, nós fizemos um processo de participação popular na Câmara de Vereadores, acabamos com Sessão secreta, acabamos com o voto secreto – que na Assembléia Legislativa ainda tem -, instituímos a Tribuna Popular contra o voto da direita, que hoje esbraveja aqui. Democratizamos, e a Câmara de Vereadores também faz parte desse processo, e nisso a Ver.ª Clênia Maranhão tem toda a razão: a democracia participativa é um processo muito mais amplo. É claro que a direita saudosa da ditadura militar esbraveja! A direita saudosa da ditadura militar, a mesma direita que, nos anos oitenta, se nós quiséssemos criar o dia da democracia ou o dia da eleição direta, diria: “Oh, eleição direta, mas que abominável, que absurdo!” Agora os tempos são outros, e aí eles fogem da democracia, chegam a dizer, neste microfone, que querem a democracia autoritária, mas, olhem bem, chegam a confessar o crime, querem a democracia autoritária, disseram neste microfone, Ver. Pedro Américo Leal, saudoso do tempo da ditadura militar. Agora esse processo é inexorável, sabem por quê? Independente de nós não gostarmos do Orçamento Participativo, que é outra coisa, a democracia participativa é inexorável, porque o processo de democracia no mundo começou com a democracia liberal, quando valia só a democracia formal e jurídica dos direitos de primeira geração, avançou no mundo pela pressão dos trabalhadores dos sindicatos para democracia social nas diversas formas: socialismo, social democracia, democracia cristã. E hoje nós temos uma terceira etapa, Vereador, nós estamos agregando a democracia formal, a democracia do voto, a democracia participativa, a democracia direta, é uma etapa inexorável. Agora, não dá, Vereador, para vir aqui fazer esse tipo de colocação absurda, comparar um processo em que o voto é livre, o voto é opcional com um processo onde o voto é obrigatório. Para eleger os Vereadores, o voto é obrigatório, e dizer que não tem democracia lá, porque os Vereadores não participam, por acaso não tem democracia então nas associações de moradores, nos sindicatos, porque os Vereadores não participam? Mas que absurdo! Que visão mais autoritária dizer que não existe democracia possível se os Vereadores não tiverem participando do processo. Pois esse é um processo da sociedade, é um processo de participação direta da sociedade na etapa de elaboração da peça orçamentária para vir para a Casa, para ser votada aqui. Que absurdo dizer uma coisa dessas! As pessoas que estão nos ouvindo, as lideranças, inclusive, dos nossos Partidos, sabem disso. É por isso que essa discussão se torna, às vezes, uma discussão surrealista, porque as lideranças lá fora entendem muito mais de democracia, às vezes, do que alguns parlamentares aqui dentro desta Casa, por dizerem essas asneiras, esses absurdos que estão sendo ditos aqui.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, a democracia repugna à adjetivação. A democracia tem, na sua essência intrínseca, Ver. Pedro Américo Leal, a participação. Qualificá-la da forma como se pretende é estabelecer uma diferença à democracia. A democracia se expressa na representação, porque não tinha outra alternativa com legitimidade. Veja V. Ex.ª, a democracia da Grécia, onde o povo se reunia na praça pública e decidia seus interesses, era possível lá, porque eram cinco, dez mil pessoas. Como a democracia se expressaria na sociedade de massa senão pela representação, Ver. Isaac Ainhorn? A representação é o mecanismo que a democracia encontrou para expressar a sua vontade através da legitimidade. Agora, se quer-se contestar a legitimidade do voto, que se venha publicamente contestar a legitimidade do voto. Então, Ver. Cláudio Sebenelo, tem cabeça de jacaré, tem pele de jacaré, tem unha de jacaré, tem focinho de jacaré, anda na água, o que é que é senão um jacaré? Esse não tem como: é um jacaré; tem tudo. Ora, democracia representativa no dia 13, convenhamos, é questão de fundo para a oposição bem formada, questão de fundo para a oposição lúcida. Dia 13, democracia representativa! Como se pudéssemos adjetivar a democracia! É estabelecer uma diferença, é estabelecer uma adjetivação que compromete a verdadeira democracia.

Ver. Pedro Américo Leal, democracia: demos igual a povo, kratía igual a governo, governo do povo que se instrumentaliza na sociedade de massa, com legitimidade, por meio da representação. É impossível, numa sociedade de massa, fazer-se representar senão da forma escolhida. A questão é de fundo, a questão é ideológica, é divisão ideológica. Nós pensamos que a forma de chamar o povo para escolher os seus representantes é a mais avançada forma de se ter a representação. Agora, num determinado momento, monitorado por um governo, por um Prefeito, montam lá um grupo de pessoas e se empresta a essas pessoas a legitimidade. Essas pessoas podem participar do debate, devem participar do debate, agora, o que não se pode é tentar fazer a substituição. A democracia representativa é uma decorrência da massa, da representação, porque seria impossível colocar aqui a população de Porto Alegre, e, por meio da representação, por meio das urnas, de forma regular, legítima, é que se colocam os representantes do povo. Portanto, nós estamos convictos de que a tentativa de se estabelecer esta data é no sentido de comprometer a verdadeira democracia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. Sebastião Melo, para discutir o PLL n.º 153/02.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Carlos Pestana ingressou com um Projeto de Lei que institui, curiosamente, o dia 11 de setembro como Dia da Democracia Participativa. Depois há uma Emenda que modifica a data da comemoração. O que diz a exposição de motivos do Ver. Carlos Pestana? Diz o seguinte: (Lê.) “Estamos trazendo à consideração dos nobres pares o presente Projeto de Lei, através do qual, queremos, com apoio desta Casa, instituir a data de 11 de setembro como Dia da Democracia Participativa. No período entre 11 a 16 de setembro” - Ver.ª Clênia Maranhão - “de 1990, foram realizadas as primeiras assembléias do Orçamento Participativo, que deliberaram sobre os investimentos que deveriam ser realizados pelo Município de Porto Alegre. O OP, Orçamento Participativo”, diz o Ver. Carlos Pestana, na sua exposição de motivos, “é um instrumento que possibilita a participação direta do cidadão dando mais transparência à gestão pública. A nossa Cidade tem sido reconhecida internacionalmente como a Capital da Democracia Participativa.” Ora, Srs. Vereadores, com base na exposição de motivos do Ver. Carlos Pestana e somada a isso a exposição de motivos que sustenta o Orçamento Participativo como a grande experiência da cidade de Porto Alegre e edita o dia 11 de setembro como dia da primeira reunião, como Dia da Democracia Participativa, é convalidar, neste momento, a experiência que nós estamos contestando em Porto Alegre. A quem quiser convalidar, e puder, digo que é um direito democrático de qualquer Vereador; mas, quem quiser convalidar a experiência que está aí, que as oposições estão contestando - e a sociedade civil finalmente está se acordando de que isso é um instrumento, em Porto Alegre, de manipulação da vontade das comunidades e de tutela sobre as comunidades -, que aprove o presente Projeto de Lei que cria o Dia da Democracia Participativa. Eu vou até invocar uma frase que freqüentemente tem sido invocada aqui pelos Vereadores, de Ortega y Gasset, que diz: “O homem é ele e as suas circunstâncias.” Não estivesse este Projeto de Lei do Vereador inserido dentro de um quadro que busca convalidar a experiência de Porto Alegre, que está sendo questionada pela maioria desta Casa, eu não teria preocupação nenhuma, porque a Constituição Federal já fala na democracia participativa, Ver. Juarez Pinheiro. Há experiências de outros segmentos, o PDT aqui fez com o Collares. Ah! Mas aí não é a experiência do Orçamento Participativo. Esta é a verdadeira transparência que acabou com os redutos dos Vereadores, que tenta esvaziar este Legislativo, Ver. Dr. Goulart, que, para um pedido de providências, V. Ex.ª não pode fazer pelo instrumento orgânico, legal, constitucional do mandato que o povo lhe conferiu. V. Ex.ª tem de ir numa reunião do Orçamento Participativo e lá entrar, como qualquer outro normal eleitor da cidade de Porto Alegre, para debater. Mas eu acho que V. Ex.ª detém um mandato popular, assim como cada um dos trinta e três Vereadores. Quanto esta Casa se esvaziou nessa experiência tuteladora do Orçamento Participativo, que está em decadência? Eu não sei se está em decadência, pois o Lula está mudando e também já está questionando o Orçamento Participativo de Porto Alegre. Eu não sei se é isto também, porque ele está mudando tanto, assim como mudou o Fernando Henrique. Então, eu quero dizer a V. Ex.ªs, mais uma vez, reiterar: aprovar, neste momento, nas circunstâncias atuais..., agora se o Vereador participar do nosso projeto, Vereador Pestana, de compatibilização da experiência da democracia participativa com os COMUDEs do Governo Rigotto, e neste Projeto apresentar uma proposta de Dia da Democracia Participativa, nós vamos apoiar. Mas daí é uma convalidação de várias formas de expressão da participação popular, que não é a experiência de Porto Alegre, que nós, de oposição, questionamos na sua grande maioria. Por isso que eu digo, neste momento, Sr.ª Presidenta, este Projeto está inserido dentro de uma circunstância, na circunstância de que o Governo do Estado está apresentando outras formas de democracia participativa, e que aqui em Porto Alegre nós queremos institucionalizar uma proposta de democracia participativa, daí, leiam exposição de motivos do Ver. Pestana, e ela é, por si só, fato suficiente.

O que pretende é convalidar a experiência tuteladora da vontade das comunidades que é o OP da cidade de Porto Alegre.

Contra isso nós nos insurgimos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Darci Campani está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Exm.ª Sr.ª Presidenta dos trabalhos, Ver.ª Maria Celeste, demais Vereadores, Ver. José Valdir - que usou boa parte da sua intervenção para questionar a intervenção do Ver. Pedro Américo Leal -, acho que o Ver. Pedro Américo Leal, pela sua postura histórica e pela sua participação no processo histórico da nossa Cidade, não poderia ter apresentado um posicionamento diferente, sendo coerente com todos os anos de militância, de trabalho em cima de uma visão que ele tem, política, que, a gente sabe, é radicalmente diferente da nossa, mas que está aí, aberta ao debate.

Estranha-me mais, Ver. José Valdir, é exatamente a posição de outros que se dizem de esquerda, que se dizem democráticos e que vêm, aqui, discutir e debater contra a instituição de um dia... Está aqui, o Projeto de Lei é claro: (Lê.) “Art. 1.º: Fica instituído no Município de Porto Alegre o Dia da Democracia Participativa, que se realizará, anualmente, no dia 13 de setembro.”

Não tem nada a ver... Na Lei aprovada, na exposição de motivos, está lá o Orçamento Participativo como um dos exemplos, mas, se alguém tem alguma contrariedade ao dia 13 de setembro porque tem o “13” do PT, por que não apresentou emenda? Isso é farsa! Isso é discurso vazio para votar contra a instituição de um dia para a democracia participativa. O Projeto tramita nesta Casa - foi protocolado em julho do ano passado -, já temos quase um ano e aqueles que se dizem democráticos não tiveram o mínimo de vontade de realmente poder consagrar a capital de Porto Alegre como a “Capital da Democracia Participativa”, que já é reconhecida em nível internacional. Por mais que queiram ou não queiram, ela é reconhecida. O Fórum Social Mundial, realizado aqui duas vezes, e deverá voltar daqui a dois anos, já dá esse título à cidade de Porto Alegre. E não são alguns Vereadores que se intitulam como oposição... E volto novamente a destacar: enquanto tivermos, nesta Câmara, a postura de “nós, oposição, nós, situação”, esta Câmara não irá evoluir, nesta Câmara simplesmente haverá votações feitas por dois blocos fechados, e, aí sim, não se constrói democracia. Quando se tem dois blocos fechados, não se tem democracia.

E nisso saudamos a Ver.ª Clênia Maranhão, pela posição, que, em nome da Bancada do PPS, se pronunciou, eu acho, na linha correta, ou seja, não se trata, aqui, de criar um dia do OP, trata-se de instituir um dia para homenagear a democracia participativa, que é algo que tem que ser louvado, é algo que tem que ser perseguido, Ver. Elói Guimarães. Para mim, democracia tem que ser adjetivada. Os militares que aplicaram o golpe no Brasil, por detrás deles... Acreditamos na boa intenção, muitas vezes, de alguns militares. Eles tinham boa intenção, eles tinham intenção de democratizar o País, mas aquela democracia eu não queria. Então, aquela é uma forma - democracia militar, que seja - da qual eu discordo totalmente. Quando nós lutamos no Brasil pela anistia, nós começamos a montar a anistia ampla, depois veio a geral, depois veio a irrestrita, e foi se adjetivando exatamente porque nós - que nos dizemos seres humanos, que utilizamos a fala como forma de expressão - temos que adjetivar direitinho o que queremos dizer quando estamos dizendo “democracia”, porque senão poderemos estar falando coisas completamente diferentes.

Hoje, na área ambiental, já existe a discussão do termo “sustentável”, eu já vejo muitas pessoas usarem o termo “sustentável” para dizer uma coisa completamente diferente daquilo que eu gostaria de dizer quando estou usando o termo “sustentável”. Então, nós temos que adjetivar e só concordo com o Ver. Elói Guimarães exatamente no sentido de que é uma discussão ideológica; a democracia participativa não se contrapõe à democracia representativa, elas se complementam e são instrumentos legais - tanto um quanto o outro - de consulta à população. Um complementa o outro, não tem por que nós acirrarmos este debate colocando um contra o outro, são complementos. Foi citado aqui: na Grécia, por mais que escravos não votassem, mulheres não votassem, mas é tão velho na humanidade o anseio de participar das decisões, que se cita a Grécia, lá, há milhares de anos, e por que nós, aqui, na Câmara Municipal, vamos cercear esse anseio - que é da espécie humana - da mais ampla participação? Isso realmente tem por detrás, Ver. Elói Guimarães, nisso concordamos, uma discussão ideológica e de fundo. E, creio, todos os partidos que se dizem do campo democrático deveriam estar aprovando e votando a favor desse Projeto.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

 

O SR. RAUL CARRION: Exm.º Sr. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, demais Vereadores e Vereadoras, em primeiro lugar, pelo debate, às vezes até fico na dúvida sobre o que está sendo votado aqui, mas, pelo que li no Projeto, Ver. Darci Campani, estamos discutindo um Projeto de Lei criando o “Dia da Democracia Participativa”. Acho que os campos se dividem entre os que são democratas e os que não o são - só pode ser isso. Vejam bem, a democracia, como já foi dito aqui e é sabido, surge de forma mais estruturada na Grécia. Não é isso, Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Elói Guimarães? E como foi essa democracia na Grécia? Participativa direta por meio da ágora, que era a praça onde o povo se reunia e decidia. E ela surge também como democracia representativa através do senado, dos cidadãos! Então de onde tirar a idéia de que a democracia ou é participativa ou é representativa? Muito bem, esteve a Ver.ª Clênia Maranhão a dar um parecer favorável. A democracia nasce representativa e participativa; agora, com o passar dos anos, com o crescimento das cidades, da polis, da sociedade, foram ficando para trás os instrumentos da democracia participativa, e praticamente preponderou, durante muitos séculos, a democracia representativa. Alguns esqueceram a origem, Ver. Isaac Ainhorn, mas a história está aí para ser consultada; como a democracia grega, nasce a democracia direta e nasce a democracia representativa. E aí o que acontece? A democracia meramente representativa, Ver. Elói Guimarães, perde forças, se transforma em democracia formal, se transforma em plutocracia, como nos Estados Unidos, onde há dois grandes partidos - republicanos e democratas - representando o poder econômico, os monopólios de um ou de outro campo é que decidem sobre as eleições, e o processo se transforma em eleição espetáculo, onde não há o conteúdo, mas a aparência, são as chacretes que decidem o processo, e se transforma, em alguns períodos, no fascismo, tal o desgaste em que a democracia meramente representativa, Ver. Wilton Araújo, se transforma. Então, mais recentemente, toda a teoria política trabalha esse impasse da democracia meramente representativa. E cresce a importância, a busca, até no passado, da democracia participativa. E aí nós temos exemplos. E aqui não é uma homenagem ao processo do Orçamento Participativo. Não é isso, Ver. Elói Guimarães! É uma referência à democracia participativa. Já foi dito aqui: essa democracia participativa teve o exemplo de Pelotas, em 1982; teve o exemplo de Lajes, entre 1977 e 1983, e teve a experiência inovadora de Porto Alegre, uma grande urbe, uma grande metrópole, onde viceja desde 1990 e onde se transformou, queiramos ou não, em referência internacional para o revigoramento da democracia! E ela não é contraditória com a democracia representativa, tanto que esta Casa continua sendo um grande centro de debates e decisões desta Cidade. Portanto, serviu de inspiração, no Governo Collares, para os COREDEs, serviu de matriz no Governo Olívio Dutra, e mesmo o novo Governo, que não simpatiza com a democracia participativa, procura criar um arremedo de participação, porque a pressão é nesse sentido.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo encerrado, nobre Vereador. E a Mesa alertou que vai desligar o microfone.

A Ver.ª Margarete Moraes se inscreve e cede seu tempo ao Ver. Raul Carrion.

 

O SR. RAUL CARRION: Agradecido, Vereadora. No caso não existe, com o Orçamento Participativo, nenhuma quebra do poder da Câmara. O que diz a Lei Orgânica? “Cabe ao Executivo encaminhar a peça orçamentária.” O Executivo, Ver. Elói Guimarães, poderia simplesmente fazer, no Gaplan, uma peça orçamentária e enviá-la para a Câmara. Estaria diminuindo o poder da Câmara? Não.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Darci Campani.)

 

Fazia isso. Quem é que abriu mão do seu poder com o Orçamento Participativo? Não foi o Legislativo. Quem está abrindo mão do poder, Ver. Pedro Américo Leal, é o Executivo, que aceita elaborar a peça orçamentária não nos gabinetes do Gaplan ou da Secretaria do Planejamento, mas abre uma discussão para o povo, e quando ele traz a peça orçamentária, traz, já, com respaldo popular. Isso não nos tira o poder, Ver. Elói Guimarães, mas, claro, tem uma peça melhor elaborada que já representa o povo e etc.

Então, Orçamento Participativo ou democracia participativa não limita a democracia representativa, mas reforça, fortalece, torna mais real e não abstrata.

Vou para um outro argumento aqui trazido: “Não, não é democrático, e o Vereador não pode participar.” Eu quero dar a experiência de quem participou como cidadão do Orçamento Participativo e de quem participa como Vereador. Já fui Delegado do Orçamento Participativo na temática de organização das cidades; conquistamos, lá, verbas para o Centro da Cidade para qualificação dos terminais da Salgado Filho, dos terminais da Borges de Medeiros.

Antes, como cidadão, participei para conquistar, como no Assentamento Protásio Alves, mais de setecentos lotes urbanizados, ou depois, como Vereador, para conquistar, junto com a comunidade, ajudando a comunidade a se organizar, setecentos lotes urbanizados para o Porto Seco, o mesmo para o Unidão.

Então, a nossa participação como Vereador nesse processo aqui: participei das seis temáticas e de quinze Regiões, só não pude ir numa, Vereador, conversando com o povo, acompanhando, ajudando, às vezes, no sentido de sua mobilização para que conquistem lá, e em nenhum momento este Vereador foi barrado. Como que os Vereadores não podem participar?

Agora, é diferente, eu tenho a democracia representativa, e aqui o povo não pode. Então, é claro que vou ao Orçamento Participativo para escutar, aprender, ajudar a mobilização do nosso povo nesse sentido.

Então, nesse sentido, não há contradição do Orçamento Participativo com a Câmara, não há contradição entre a democracia participativa com a democracia representativa, e o Vereador pode, como qualquer cidadão, participar lá; inclusive na minha Região, se eu quiser, como cidadão. Sou cidadão na minha Região.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª pôde falar numa assembléia do Orçamento Participativo?

 

O SR. RAUL CARRION: Mas não é essa a preocupação!

 

O Sr. João Carlos Nedel: Porque eu não pude. Eu fui a várias e não pude, fui impedido de me manifestar.

 

O SR. RAUL CARRION: Agradeço o aparte. Vou tentar responder. Se V. Ex.ª crê que a única forma de participar é falar, imagine, eu estive numa assembléia que tinha quase duas mil pessoas, imagine que alguém que saia de lá diga: “Eu não consegui falar, só falaram quinze. A democracia foi tolhida!” Não é verdade. Lá estão centenas, milhares de cidadãos participando com o seu voto, com as suas opiniões, articulando as chapas. E pode falar um número limitado. Agora, imagine se fossem os trinta e três Vereadores, no Orçamento Participativo, exigir falar. “Quando falarei ao povo?” Nós temos de ter a grandeza, Ver. João Carlos Nedel de, como Vereadores, irmos às plenárias do Orçamento Participativo para escutar o povo um pouco. Eu vou lá para escutar o povo, Ver. João Carlos Nedel. Eu falo aqui desta tribuna onde o povo não tem possibilidade.

Então, espero que esta Casa, com grandeza... Ver. Elói Guimarães, nós não estamos aprovando o Orçamento Participativo, pode fazer voto com registro: estamos aprovando a democracia participativa. Isso não significa que concordamos com o Orçamento Participativo. É um direito... (Som cortado conforme determinação da presidência dos trabalhos.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL n.º 153/02.

Srs. Vereadores, por favor, há um orador na tribuna, que ouviu atentamente todos os Srs. Vereadores, os doze que antes dele se pronunciaram; ele ouviu com toda a atenção, portanto, tem o direito de ser ouvido com a mesma atenção.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, Ver. Reginaldo Pujol, eu não poderia exigir que este Plenário discutisse essa matéria sem um certo calor nos debates, porque é um tema candente em nossa Cidade. Mas ele precisa também ser discutido com um mínimo de “cientificidade”, porque é assim que os constitucionalistas estão fazendo com esse tema. E esta Câmara Municipal, que é referência pela sua performance na discussão de diversos temas, por mais complexos que sejam, precisa abordar também, além do calor da disputa política, com um mínimo de cautela e “cientificidade”, como a maioria dos Vereadores estão fazendo aqui. Em primeiro lugar, Ver. Reginaldo Pujol, refiro-me a V. Ex.ª, porque é quem tem feito esse debate com grande qualidade, com posição diferente da minha. Quero dizer a V. Ex.ª que é absolutamente inafastável a democracia representativa. A democracia representativa - conquistada na Revolução Francesa, na tese de Montesquieu, de separação dos Poderes - é inafastável para o processo democrático, mas não há, também, Ver. Reginaldo Pujol, como nós retirarmos da democracia representativa o conceito que ela, hoje, tem de absoluto desgaste pelas mais diversas causas, sobre as quais, aqui, num tempo de quatro minutos, com as intervenções anti-regimentais que houve no início, eu não teria como, logicamente, dissertar.

Nós queremos chamar a atenção que, em alguns casos, o que sobra ao cidadão, na democracia representativa, é quase um insulto. É, meramente, a possibilidade de, no dia das eleições, ele ir votar. É por isso que os tratadistas, em nível internacional, Ver. Pedro Américo Leal, chamam a atenção e dizem que há duas condições para que haja democracia – eu tenho este autor, só não tenho o nome dele aqui, agora, Ver. Reginaldo Pujol. Em primeiro lugar, Ver. Haroldo de Souza, é que haja respeito aos direitos humanos. Sem isso, não é possível haver democracia. Em segundo lugar, ele diz que é necessário que haja uma cidadania ativa, ou seja, que haja conjugado - como disse a Ver.ª Clênia Maranhão, com a qualidade que a caracteriza - com a democracia representativa, mas é importante que tenham experiências de democracia direta, como aconteceu com o, hoje, Dep. Bernardo, quando foi Prefeito de Pelotas, como temos em Campinas, como temos aqui em Porto Alegre, como temos em São José dos Campos e em tantas outras cidades.

Não é uma atitude inteligente, não é uma atitude adequada nós querermos cindir isso, ou seja, ou é democracia representativa, ou é democracia direta. Eu entendo que esses dois conceitos podem conviver, mas o conceito de democracia direta, experiências de democracia direta são inafastáveis. Isso está dito pelos tratadistas, pelos constitucionalistas, por todas as pessoas que estudam essas questões. No caso em espécie, uma das experiências de democracia direta, que é a que existe em Porto Alegre, o que é que significa? O Poder Executivo abre mão de parcela do poder que tem de elaborar tanto o Orçamento como a Lei de Diretrizes Orçamentárias, como o Orçamento Plurianual, e ouve a cidadania. Ouve essa cidadania com uma regra que organizou e que é aceita pela população, Ver. Reginaldo Pujol. Vou-lhe conceder, com muita honra, o aparte, porque V. Ex.ª sempre, quando faz aparte, engrandece o orador.

Então, nesse sentido, tendo nós posições diversas sobre este tema, eu apelo no sentido de que este debate não se transforme em ódio e rancor sem um mínimo de “cientificidade”.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Juarez Pinheiro, eu gostaria que V. Ex.ª, um dos que defende o Projeto, esclarecesse: por que tem de ser a data de 13 de setembro o Dia da Democracia Participativa?

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Reginaldo Pujol, a data escolhida, inclusive V. Ex.ª sabe disso, era uma outra data. Essa data é por que ela deriva de um procedimento da nossa experiência. Nós moramos, Ver. Reginaldo Pujol, em Porto Alegre, mas a homenagem do Ver. Carlos Pestana é uma homenagem adequada, uma homenagem inteligente, é uma homenagem correta, honrada, que dialoga com a nossa inteligência, com o nosso sentimento de fraternidade, com o nosso sentimento maior do que eventuais disputas paroquiais. É impossível nós negarmos que os dois conceitos, democracia representativa e proposta de democracia direta, possam conviver com civilidade, que só aí teremos democracia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Apregôo a Emenda n.º 02 ao PLL n.º 153/02: (Lê.) “Acrescenta parágrafo único ao art. 1.º com o seguinte teor: Fica condicionada a criação do Dia da Democracia Participativa à institucionalização da participação popular em Porto Alegre. Justificativa da tribuna.”

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. Isaac Ainhorn, para discutir o PLL n.º 153/02.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu estou acompanhando atentamente o debate e penso que está tomando um viés que não me agrada.

Eu quero, aqui, concentrar o seguinte: há formas e formas de participação popular. Nós, que nos forjamos na luta da democracia, não vamos fugir daquilo que o estuário da caminhada democrática vem consolidando, que a Constituinte de 1988 consolidou, e, depois, as Leis Orgânicas, as Constituições Estaduais estabeleceram, em seus mais diversos níveis, a participação popular.

Então, portanto, nós queremos, em primeiro lugar, dizer que nós somos pela participação popular.

Agora, o que está em discussão, Ver. Reginaldo Pujol, Ver. Isaac Ainhorn - e esta é a questão que eu acho que é o viés que devemos discutir - é se essa participação popular em Porto Alegre, que hoje querem fazer o Dia da Democracia, é a forma mais correta de participação popular ou não.

A primeira questão que tem que ser dita em alto e bom som, Ver. Isaac Ainhorn, é que, de 1 bilhão e 586 milhões de reais da cidade de Porto Alegre, a cidadania define 80 milhões - quando define -, que é o investimento da Cidade. Então, a primeira coisa que tem que ser dita é que a população de Porto Alegre não participa na decisão pela sua inteireza.

Eu pergunto se o cidadão de Porto Alegre participa no que diz respeito à questão do funcionalismo, à questão da publicidade. Não participa. Eu nunca vi uma consulta numa assembléia popular – e eu participo delas – dizendo: “Cidadão, concorda que nós vamos aplicar 12 milhões na publicidade?” Isso não é questionado.

Segundo, há obras que transcendem o Orçamento Participativo. E quero dizer que eu estou fazendo uma pesquisa, já detectei duas ruas, Ver. João Bosco Vaz, aquela atrás do Grêmio é uma em que foi feito o asfalto sem participação popular! Eu queria a ata daquela rua, bem atrás do Grêmio ali, se teve alguma participação popular. Há uma ali perto do João XXIII, também, não sei se o Ver. João Bosco Vaz mora ali, mas é uma rua ali perto, da qual eu também não vi ata! Então, essa participação popular não é bem assim! Eu não sei se é a rua do Ver. João Bosco Vaz, não sei qual é o nome da rua, mas eu sei que é ali perto do cemitério, eu estava procurando a ata ali.

Então, essa participação popular está condicionada, primeiro, a uma decisão pequena do Orçamento. E quero dizer, Ver. Elói Guimarães, que eu já vi, em manifesto consistente do ex-Prefeito desta Cidade e de outros membros do PT, defendendo ferrenhamente a institucionalização!

Mas, num determinado momento, a Frente Popular entendeu que, ao institucionalizar o Orçamento Participativo, não poderia fazer o que faz hoje, quando as obras atrasam três anos, quatro anos, e o cidadão não tem guarida para buscar essas obras.

Então, eu apresentei uma Emenda para não ser incoerente com aquilo que eu defendo, nós temos a firme convicção de que a participação popular é uma conquista da sociedade, mas ela precisa ter regras claras, porque, senão, Ver. Pedro Américo Leal, eu faço dessa participação popular a instrumentalização da vida partidária; e aí que acho que é o equívoco da participação popular. Tenho ido a várias assembléias,Ver. Zé Valdir; no ano passado, no Cristal e na Cruzeiro, havia o dobro de pessoas do que neste ano, e isso é uma amostra de que há problema de crédito no Orçamento Participativo. A nossa forma de participação popular, além de institucionalizá-la, temos de ampliá-la e qualificá-la. Não se pode pegar o exemplo do Ruben Berta, em que o Presidente é eleito, às vezes, com mil e quinhentos votos, e é um cidadão que não tem uma cadeira cativa no Orçamento Participativo. Isso tem-se que rever.

Não ouvi nas palavras do Ver. Isaac Ainhorn, não tenho procuração nem por instrumento público, nem privado, mas acho que o Vereador está dizendo da fórmula, não é contra a participação popular. Não ouvi isso do Ver. Isaac Ainhorn nem do Ver. Elói Guimarães, e não ouvi isso dos outros Vereadores de oposição, com exceção de que respeitamos o Ver. Pedro Américo Leal.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acompanhando o raciocínio de V. Ex.ª, digo que a institucionalização do Orçamento Participativo retira o controle do aparelho, é só essa a questão.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Portanto, Ver. Isaac Ainhorn, apresentamos uma Emenda para o debate e vamos, sim, aprovar, mas condicionar a sua criação à institucionalização, porque aí estaremos fortalecendo o processo, estaremos transformando em lei para que o cidadão possa, ao buscar a sua demanda no Orçamento Participativo, e em não sendo atendida, ele ter um instrumento de alavancagem da sua reivindicação.

Volto a dizer que a participação popular em Porto Alegre é limitada aos investimentos da Cidade em algumas áreas, e, portanto, o cidadão não define a sua inteireza sobre as questões de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Há na Mesa um Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que requer o adiamento da discussão do PLL n.º 153/02 por cinco Sessões. Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn. (Pausa.) O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar, como autor.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Nobre Presidente, Ver. João Antonio Dib, este é um Parlamento Municipal, e ninguém mais do que V. Ex.ª, com a sua história e o seu passado de Vereador, sabe e conhece as funções do Parlamento. Não serei eu, um Vereador da metade de tempo - e já sou antigo - do mandato de V. Ex.ª, que vou dizer que esta Casa é um Parlamento, que vem de parlare, de parlatório, e que esta aqui é uma Casa de debates. Além disso, Vereador, eu seria um insano se deixasse passar um Requerimento que, neste momento, ganha relevância pelo conteúdo da matéria que está sendo tratada, e quando eu procuro adiar o processo de votação, neste momento, e V. Ex.ª não quer que ninguém encaminhe. Vereador, eu tenho um carinho e uma admiração muito grande por V. Ex.ª e sei que, no fundo, V. Ex.ª está compreendendo as razões deste Vereador para estabelecer esse debate e o adiamento. Até porque, é difícil, mas nós queremos ver se construímos um consenso com o próprio Ver. Carlos Pestana, pois a data da democracia participativa que ele escolheu e que ele elegeu é a data do início do Orçamento Participativo em Porto Alegre sob a administração de Olívio Dutra. Então, já se vê que ele não quer sustentar a democracia participativa neste momento, o que ele quer é convalidar o instrumento político usado pelo PT à frente do Governo Municipal, que engessou a participação popular na cidade de Porto Alegre. Pergunte para a UAMPA. Aliás, dentro de cinco Sessões, se for aprovada esta proposta, nós vamos ter oportunidade de ouvir a UAMPA. O movimento comunitário, as associações de bairro, os clubes de mães participam do Orçamento Participativo, da democracia participativa instituída pelo Governo Municipal no dia 11 de setembro, que o Ver. Carlos Pestana, neste momento, quer convalidar, dizendo que a experiência de Porto Alegre tem que ser projetada para o mundo.

Nós todos, aqui, da oposição - do PDT, do PPS, do PMDB, do PTB, cujo Líder é o Ver. Cassiá Carpes -, como disse muito bem o Ver. Sebastião Melo, somos totalmente a favor da democracia participativa, mas de uma democracia participativa que conviva harmonicamente com a democracia representativa - o que não acontece na experiência de Porto Alegre. E, no momento em que nós aprovarmos isso, na forma como está estabelecido, nós convalidamos a experiência tuteladora e manipuladora da comunidade, que é a experiência de Porto Alegre. Mas eu estou disposto a colaborar na construção de uma idéia substitutiva. O Ver. Sebastião Melo acaba de apresentar uma proposta, que é um Substitutivo que diz que é a favor, que sustenta a aprovação do Dia da Democracia Participativa em Porto Alegre, no dia em que esse instrumento do Orçamento Participativo for institucionalizado por lei na cidade de Porto Alegre. É uma idéia interessante. Então, em função dessas circunstâncias, proporciona-se a possibilidade de que, adiando o processo, nós, com equilíbrio, com maturidade, com bom senso, possamos dialogar e tentar, quem sabe, salvar a idéia do Ver. Carlos Pestana, que tramita e, ora, se encontra em votação nesta Casa.

Então, esse é o espírito da nossa idéia de adiarmos a votação do Projeto do Ver. Carlos Pestana por cinco Sessões. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Isaac Ainhorn, eu devo agradecer a V. Ex.ª, pois vou incorporar aos meus parcos conhecimentos que parlamento vem do latim, parlare. Mas é preciso ter em conta que o parlamento não vire “para lamento”.

Em votação o Requerimento de autoria da Ver.ª Maristela Maffei, que solicita autorização para representar a Casa no Seminário sobre Reforma Tributária e Previdenciária sob a ótica da Mulher, no período de 3 a 6 de junho. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para encaminhar o Requerimento de adiamento da discussão do PLL n.º 153/02, por cinco Sessões.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara. Quero plagiar o Ver. Pedro Américo Leal, dizendo: “Ora, vejam só, quem tem medo da democracia participativa? Quem tem medo da participação popular?” Estamos há mais de uma hora em um debate para tentar evitar que se comemore a participação popular. Contando, ninguém acreditaria, Ver. Isaac Ainhorn, que aqui se debateu por mais de uma hora para, sequer, comemorar, quanto mais com participação. Quem sabe o projeto inverso é a democracia restritiva, não-participativa. É impressionante que tenhamos que debater sobre democracia participativa. Quem tem medo da população? Quem tem medo do povo? Quem tem medo do voto direto? Aqueles que querem privilégios, como defenderam aqui.

Alguns Vereadores disseram que, se for um Vereador na assembléia do OP, não terá um tratamento especial. Não terá mesmo; não é para ter. Lá participa a população; aqui participa o Vereador. Lá a participação é direta da população, Ver. Ervino Besson; lá é a população que, junto com a Prefeitura, elabora sua proposta que vem para a Câmara de Vereadores, e aqui nós é que participamos. O inverso também é verdade, Ver. Ervino Besson, porque quando a população está sentada ali na galeria, ninguém dá a palavra para ela aqui na tribuna; só o Vereador fala. Aí a população vai embora e diz assim: “Lá na Câmara, só fala Vereador; eu não pude falar. Não é justo.” Agora têm medo da participação popular e tentam votar Requerimentos para adiar, adiar, adiar ad aeternum. Nunca mais se debate sobre participação. Se possível, não deixam nem a população entrar na Câmara de Vereadores. Não ocupem as galerias; fechem com vidros, não deixem que a população participe, que dê opinião, que reclame, que critique, que mobilize. Quem tem medo da população? Quem tem medo da democracia participativa? Então ficam com subterfúgios – “não, nós aprovamos, desde que esteja legalizado” -, como diz o Ver. Sebastião Melo. Na verdade, não é legalizado, é tutelado. É tutelado sob a ótica do Vereador. Aprova uma lei aqui e o Vereador vai dizer quem participa, quando participa, se vota, se não vota, se fala, se não fala. Não é a população que decide, como se auto-organiza, mas são os Vereadores que tutelam a participação popular e dizem: “Vocês podem se organizar, mas conforme nós imaginamos a participação e não como vocês querem participar.” Isso é democracia tutelada, que não quer a participação popular, que quer trazer sobre as suas rédeas a democracia. Que pena, aí querem adiar; querem adiar para não votar, na verdade...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): É encaminhamento, Vereador.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Eu estou falando do adiamento. Querem adiar para não votar. Vão adiando, vão adiando e não preservam a democracia participativa, não discutem com ela, restringem a sua participação e, sequer, querem comemorar.

Oram veja só, Ver. Pedro Américo Leal, quem tem medo da democracia participativa? Quem tem medo da participação do cidadão? Quem tem medo da participação popular? Têm vários subterfúgios para dizer o óbvio: não queremos participação popular. Nós é que somos os escolhidos, os privilegiados. Só Vereador pode votar. Aí tem vários conselhos: COREDEs, COMUDEs; os COREDEs não funcionam, e os COMUDEs não existem, então fica bom para os governantes, porque eles não precisam ouvir a população. Nos COMUDEs põe Vereador, põe diretor, põe toda a classe alta, põe diretor de escola, põe qualquer coisa, menos deixar a participação popular direta. Limite-se totalmente a participação, aí fica ótimo. Tem mais: os COREDEs ainda vão ganhar 700 mil reais para garantir a participação deles mesmos, que são prefeitos, Vereadores. Então, claro, não querem a participação popular e ficam adiando. Adiam por mais uma Sessão ou duas.

Além de não quererem a participação popular, não querem nem comemorar, e nem que ela seja lembrada, pois vá que lembrem e queiram participar, porque, se lembrarem, podem querer participar, e vai ficar ruim para alguns.

Nós queremos lembrar a participação popular, e queremos mais do que lembrar, queremos, efetivamente, a participação direta da população na decisão e não só na mão de alguns políticos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para encaminhar o Requerimento de adiamento da discussão do PLL n.º 153/02, por cinco Sessões. Desiste.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, dentro do Regimento, queria esclarecer ao Ver. Marcelo Danéris que a transferência de votação também faz parte da democracia participativa. Então, nós só estamos usando uma artimanha da democracia para votar mais adiante, mais maduros.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, peço a V. Ex.ª um esclarecimento: que me seja dado, após a intervenção do Ver. Reginaldo Pujol, o horário de término da Sessão, por favor.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu quero dizer ao Ver. João Bosco Vaz que estamos realmente exercitando a democracia, quando todos os Vereadores, já quinze ou dezesseis, estão falando de um assunto tão importante.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o Requerimento de adiamento da discussão do PLL n.º 153/02, por cinco Sessões.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, iniciei a discussão desta matéria, fui o primeiro orador a vir à Tribuna, repeti posições que tinha colocado anteriormente e vi se desdobrar aqui na Casa um enorme debate sobre o assunto, que aflorou várias circunstâncias que não responderam à indagação que continha o nosso Parecer da Comissão de Justiça, aprovado por unanimidade, Ver. Dr. Goulart, que perguntava, questionava, por que o dia 13 de setembro? Já começaram a ser esclarecidas as respostas. Agora, o que nós estamos discutindo não é o Projeto em si, do Ver. Carlos Pestana, é a conveniência de ele ser votado hoje, ou de ser aproveitada a bandeira branca que acenou o Ver. Isaac Ainhorn, que informa da Tribuna que várias pessoas, entre elas vários integrantes desta Casa, já tinham firmado posição no sentido de votar contra a proposição. Essas pessoas estão admitindo, inclusive, em determinada circunstância, votarem a favor, e querem uma abertura do espaço - ele propôs em cinco Sessões -, para mim, cinco, três, uma, duas ou quatro seria a mesma coisa desde que ocorresse, Ver. Carlos Pestana, a possibilidade desse espaço. Algumas pessoas, trabalhando em cima da idéia, poderiam não comprometê-la, mas transformá-la em algo aceitável por aqueles que não querem, simplesmente, a título de se homenagear a democracia participativa, que se faça uma consagração, uma ode ao Orçamento Participativo praticado como arma do Governo no Município de Porto Alegre, e que muitos Vereadores desta Casa, entre os quais eu, questionam a maneira como ele se realiza. Agora mesmo veio o Vereador Líder do PT à Tribuna, o Ver. Marcelo Danéris, dizendo que aqueles que são contra é porque querem estabelecer o dia, a hora, o momento, a ocasião em que o povo vai participar, mas não é o que ocorre no dia de hoje, em que o Governo diz a hora, o local, a forma, o jeito e a maneira, tutelando, ele sim, de forma absoluta, a manifestação popular? Eu sou do tempo em que a participação popular se dava espontaneamente, não precisava ter regras, não precisava ter propaganda no jornal, não precisava ter propaganda na televisão. O povo, pelas suas lideranças, espontânea e sinceramente, buscava os seus espaços, conquistava esse espaço através de uma participação espontânea e não tutelada.

Eu nunca fui radical nesta Casa e não seria neste momento que eu iria ser radical. Afinal de contas, se o Ver. Isaac Ainhorn, que tem sido um paladino na luta pela institucionalização do Orçamento Participativo, abre essa chance de que se possa, dentro de um, dois, três, quatro ou cinco dias, se chegar a uma forma pela qual se satisfaçam os objetivos de “laudar” a democracia participativa, e nem por isso se institucionaliza um dia de festa para a prática do Orçamento Participativo em Porto Alegre; se isso é possível, por que não tentar? Onde está o medo da discussão? Quem não quer discutir? Nós queremos discutir, por que não? Hoje, colocados os termos em que estão colocados, nós teremos o risco de ter uma decisão sob o calor do debate que se acirrou. Por que não acalmar? Senão, por que não praticar aquilo que é a essência de qualquer democracia com o adjetivo que ela lhe dá, que é o diálogo? Por que, se a própria democracia participativa que se pratica em Porto Alegre tem todas as conotações da democracia representativa, porque até o nome do órgão a controla, o conselho de representantes fala em representação?

Por isso, Sr. Presidente, eu quero, com toda a tranqüilidade, vendo que meu tempo está esgotado, dizer o seguinte: conversar nunca fez mal para ninguém. Falo diretamente ao Ver. Juarez Pinheiro, que me fez o apelo, e, através dele, ao autor da proposta. Vamos dar um tempo, e eu, honestamente, quero aproveitar esse tempo para buscar uma equação que corresponda a todos os propósitos. Eu poderia dizer até que, ao pedir esse tempo, eu estaria repercutindo outras situações que não estão no apelo da discussão, mas me comprometo, com tranqüilidade, nesses momentos que tivermos entre este momento e a decisão, a contribuir no diálogo para encontrar uma boa equação.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar o Requerimento de adiamento da discussão do PLL n.º 153/02, por cinco Sessões.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, nós retomamos esta tribuna para refutar, com veemência, a forma como o Líder do Governo, Ver. Marcelo Danéris, tenta passar para a opinião pública que a Bancada do Governo é favorável à participação popular, e que as Bancadas de oposição não são favoráveis à participação popular.

Eu quero aqui, Ver. Ervino Besson, retomar uma questão maior, de uma experiência que foi além de Porto Alegre, e o povo do Rio Grande foi para as assembléias, nos mais diversos cantos, levar as suas reivindicações. Só que o Governo nunca disse o que tinha para investir, e as pessoas decidiram aquilo para o que não havia dinheiro para aplicar. Então, não só deve haver regra, como deve haver a honestidade da participação popular, de, quando eu estabeleço, eu dizer ao cidadão que ele vai decidir sobre 80, sobre 100, sobre 60, sobre 40 ou sobre 10; senão, ele acha que está decidindo sobre o todo. E aí o que acontece? Ele vai lá, deposita a sua boa-fé e não vê correspondidas as obras, depois da sua participação popular.

Os COREDEs têm um instrumento importante porque conseguem reunir, em primeiro lugar, a universidade, o setor pensante da sociedade e, por intermédio dela, conseguem mobilizar outros setores em projetos estratégicos. Então, eles são muito importantes. Dizer que apenas o assembleísmo é participação popular? Eu respeito a posição de quem pensa assim.

Democracia é assim mesmo; agora, penso que esse não é o melhor caminho. A defesa da participação popular que nós fazemos é: em primeiro lugar, que ela seja institucionalizada, mas, em segundo lugar, queremos ter uma consulta popular, queremos que o cidadão vá, anualmente, a urna e possa referendar aquelas decisões que vieram das assembléias, ou que ele possa acrescentar. Mas o cidadão vai ter, uma vez por ano, o direito de ir a urna e dizer: “Eu concordo com esta lista, ou eu não concordo com ela.”

Em terceiro lugar, eu penso que há uma experiência muito exitosa em Porto Alegre, de algumas dezenas, eu diria, de centenas de associações comunitárias, que são associações que, no dia-a-dia, constroem cidadania. E não haver, no Orçamento Participativo, a participação dessas associações é uma perda para a Cidade, Ver.ª Margarete Moraes, porque essas entidades têm um acúmulo enorme de demandas da Cidade, nas mais diversas áreas. Por isso, na Participação Popular que nós defendemos, nós queremos incluí-las e não excluí-las. Eu acho, Ver. Pestana, que presidentes de Associações - e existem muitas nesta Cidade -, que foram eleitos com duzentos, trezentos, quatrocentos, quinhentos, seiscentos votos, eles têm de ter o respeito do Poder Público, e um delegado que se elege com dez votos tem um peso mais importante na hora da Associação. Isso tem de ser debatido neste momento. Agora, eu não vou permitir o debate sobre o que dizem: “Vocês são contra a participação popular, e nós somos a favor.” Não, esse não é o debate. Nós estamos defendendo formas de participação popular, e, se os senhores defendem essa forma, nós respeitamos. Os senhores estão implementando, estão ganhando as eleições, e quem faz o Orçamento da Cidade... O Prefeito pode fazer sozinho, o Prefeito pode fazer com o seu Secretário, o Prefeito pode fazer com a participação popular. Os senhores ganharam a eleição com legitimidade. Mas esta não é a questão. Nós defendemos uma outra forma, e o que se está querendo aqui é legitimar essa forma de participação popular.

Presidente, muito obrigado, desculpe o excesso de tempo.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que solicita o adiamento da discussão do PLL n.º 153/02, por cinco Sessões.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, imaginem que participação popular é algo que todos nós, Vereadores desta Casa, devemos querer. Todos nós, Vereadores de todas as Bancadas, não podemos ser contrários à participação popular, mas o que está existindo aqui neste Plenário, que se discutiu durante toda a tarde - e a oposição, pelo menos a maioria da oposição, tende a negá-la - é a proposta feita para se comemorar aqui em Porto Alegre o dia da participação popular, do Orçamento Participativo. Ora, muito fácil! Aqui em Porto Alegre deturparam a palavra, aqui em Porto Alegre eles fizeram com que a população de Porto Alegre, que nós representamos, não acreditasse mais em participação popular, em democracia participativa, porque a população, na maior parte das vezes, se sente enganada. Eu vou citar aqui alguns exemplos. Ontem eu estive reunido numa vila popular na Zona Sul da Cidade. As senhoras, formadoras de um Clube de Mães, estavam preocupadas porque elas participaram do Orçamento Participativo, de uma das reuniões, juntamente com algumas outras pessoas que buscam também assentamento em uma região da Zona Sul da Cidade. O que foi prometido para elas, Ver. Sebenelo? Quinhentos mil reais, que, se não for para o assentamento, vai ser para a construção da sede do Clube de Mães. Elas estavam extremamente eufóricas, porque elas tinham conseguido, do Município, 500 mil reais. Olhem, eu sou alguém simpatizante do Movimento do Clube de Mães, mas, com certeza absoluta, eu sou contrário a que, num Município como o de Porto Alegre, nós apanhemos 500 mil reais e destinemos 500 mil reais para a construção da sede de um Clube de Mães. Está lá, elas ganharam e estão esperando! Ver. João Dib, parece brincadeira: está lá para assentamento, mas a promessa é que, se não for para o assentamento, fica para o Clube de Mães.

Há outra proposta, que faz com que a gente fique pensando se a palavra “democracia participativa” vale a pena a gente homenagear aqui em Porto Alegre. Por exemplo, imaginem os senhores que, naquela obra da Av. Praia de Belas com a Borges de Medeiros, naquela confluência, naquele viaduto onde caiu o lotação, ali tinha que estar construída uma barreira para impedir que o lotação tivesse o acidente que teve. Ora, quanto dinheiro se jogou fora, e a obra não foi feita, sabem por quê? Porque houve uma certa manipulação daquilo que se aprendeu a chamar, aqui, de “democracia participativa”, mas que, infelizmente, ao invés de beneficiar a Cidade, somente a prejudicou nos últimos dias.

Por isso, realmente, temos que encontrar uma saída. Homenagear a democracia sempre é bom, mas homenagear a democracia participativa, aqui, em Porto Alegre é, mais ou menos, querermos consubstanciar, apoiar esse engodo que fizeram aqui em Porto Alegre e que só serve para ludibriar o conjunto de toda sociedade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu deveria colocar em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas, mas vejo que visivelmente não há quórum para a votação.

Reitero o convite que formulei para que todos os Vereadores, amanhã, às 10h, aqui, no monumento ao maior homem público desta Cidade, José Loureiro da Silva, participem da homenagem pelo 39.º aniversário de sua morte.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h03min.)

 

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